O hidróxido, fórmula química OH (e em menor medida, e os hidroperóxidos, de fórmula química HO2 ou H2O2), é um dos componentes mais importantes da nossa atmosfera, sendo mesmo conhecido como o maior purificador do ar, pela sua capacidade de se combinar com o monóxido de carbono, os óxidos de nitrogénio, e os hidroclorofluorocarbonetos.
Forma-se principalmente combinando água com ozono – ozono que é fundamental na estratosfera para nos proteger dos raios ultravioletas mas que é poluidor noutras partes da atmosfera – e, pensava-se que ele surgia através, precisamente, desses raios ultravioletas (a camada de ozono não os filtra a todos), até que, a 7 de abril deste ano, um artigo publicado pela Universidade da Califórnia em Irvine revela que isso não é assim, sendo que, provavelmente, o catalisador da reacção é a descarga de electricidade atmosférica.
A notícia é muito significativa porque a humanidade está a destruir este purificador natural a um ritmo a que a natureza não consegue responder. Uma das razões para essa destruição é a do aumento das emissões de metano, que para além de serem provocadas pela agricultura intensiva e outras actividades humanas, resulta também das fugas de gás natural (que é principalmente constituído por metano). Esse metano, para além de destruir o hidróxido, é também um gás com efeito de estufa.
Mas tão mau ou pior do que o metano é o hidrogénio, que não só se combina com o hidróxido, mas como também, na sua reacção com este, produz vapor de água e ozono que, na parte da atmosfera em que surgem, não têm efeitos ambientalmente positivos e provocam ambos efeitos de estufa. Para além disso, indirectamente, ao concorrer com o metano na transformação do hidróxido, as emissões de hidrogénio levam a que o metano – que tem um enorme efeito de estufa – perdure na atmosfera.
Por essa razão, o ano passado, foram publicados artigos científicos (por exemplo, Bertagni et. al.) a alertar para os efeitos ambientalmente negativos da utilização energética do hidrogénio, e que também aumentam a presença atmosférica de gases com efeitos de estufa, efeitos que dependem da dimensão das fugas de hidrogénio e das fugas e emissões de metano.
Tudo isto vem pôr em causa, naturalmente, os investimentos colossais (milhares de milhões de euros, se pensarmos apenas no erário público) que estão a ser feitos na chamada ‘economia do hidrogénio’ em nome do ‘clima’, com base em modelos que não estão testados, e quando o são, em regra, provam não ser fiáveis. Talvez por isso, o pequeno eco que estes factos têm tido na imprensa em geral, e eco nulo na imprensa portuguesa.
Da mesma forma que se têm igualmente gasto somas colossais na chamada ‘captura de carbono’ (o CO2 gasta-se naturalmente pela respiração das plantas, mas em vez de se fomentar o cultivo de plantas, o que é a forma óbvia de capturar carbono, criam-se esquemas industriais, por vezes perigosos, de ‘captura de carbono’) não seria de estranhar vermos agora surgir novas propostas de gastos públicos para promover descargas elétricas na atmosfera para compensar os malefícios do hidrogénio, que era suposto regenerar o clima mas que é na verdade um problema para este.
Como tenho defendido em inúmeras ocasiões, o maior problema da dogmática climatológica, que se dispensa de demonstrações e validações científicas, é que ela se torna facilmente manipulável por quem tem outros objectivos, nomeadamente o de fazer dinheiro não interessa como.
No clima de ‘histeria climática’ que nos é imposto, estamos por isso em risco de aumentarmos os problemas em nome dos quais nos querem proibir de reflectir, por ser ‘urgente agir’. É tempo de dizer não à histeria, parar para pensar e exigir: ciência em vez de cientismo; informação em vez de desinformação; e políticos que ponham o interesse público acima do das conveniências.