As organizações não governamentais (ONG) que apoiam os migrantes vindos de zonas de conflito na região árabe estão a tomar medidas para tentar proteger as crianças das redes de tráfico de menores. Das 26 mil crianças que terão chegado sozinhas à costa europeia em 2015, de acordo com a organização Save The Children, dez mil desapareceram, revela um relatório da Europol, temendo-se que tenham caído nas mãos de traficantes de menores.
Assim, de acordo com o El País, os menores de idade que chegam às zonas costeiras da Europa, que gozam de protecção especial das autoridades, são apoiados nos acampamentos criados para esse fim; depois da identificação e exames forenses feitos pela polícia local, é lhes dado abrigo e alimento, para além de um telemóvel, por forma a manterem-se sempre contactáveis.
O jornal falou com Ussama e Emim, duas crianças que chegaram à Grécia vindas de Casablanca, que apesar de temerem a passagem por um posto de polícia para identificação, afirmaram não tencionar parar até chegarem a Itália ou França, onde têm familiares. E relatam que, no primeiro navio onde embarcaram, em Izmir (Turquia), “para atravessar até Lesbos , havia gente armada a bordo, os smugglers .
Este barco virou-se logo após ter zarpado, mas fomos resgatados. Outros morreram”, declarou Emim com aparente calma. Essa calma esconde um fechamento em si próprio, um dos sintomas do stress pós-traumático que muitos menores demonstram, por conta das experiências nos seus países de origem, como os conflitos armados ou perseguições por motivos políticos.
Outros migrantes vulneráveis são as mulheres e crianças que viajam sozinhas, as quais representam quase 60% dos refugiados chegados à Macedónia, revelou a UNICEF num relatório divulgado esta semana.
A ONG grega Arsis e a Save The Children preparam um reforço nas tendas do acampamento, uma vez que temem que, com a chega da Primavera, aumente o fluxo de menores, porém, aquela zona é também uma zona de passagem: nem os documentos fornecidos pelas autoridades gregas, que não autorizam viajar para fora do país, impedirão os menores de se deslocarem para a Macedónia.
Dado que as ONG não os podem proibir de atravessar a fronteira, os telemóveis servem como forma de os vigiar à distância, revelou a Save The Children. Aí, estão expostos aos traficantes, que cobram 700 a 800 euros para os levar até à fronteira sérvia.
E ouvem-se histórias ainda mais preocupantes, como as de desaparecimentos ou de tráfico de órgãos, embora não existam até agora confirmações oficiais.