No dia 1 de Maio de 2012, em Díli, o saudoso Hélder Lopes, Presidente do STCST, foi preso durante uma manifestação. Com ele foram detidos cerca de 200 manifestantes. Passados 11 anos, os sindicalistas não são presos, mas, são ignorados pelos sucessivos governos.
O dia internacional dos trabalhadores, primeiro de Maio, é uma data celebrada em todo o mundo, uma homenagem aos trabalhadores de Chicago (EUA) que no dia 1 de Maio de 1886 realizaram uma grande greve para reivindicar melhores condições de trabalho.
Em Timor-Leste, na Sede Nacional do Partido Socialista de Timor (PST), Agustino Perez, Secretário-Geral do Sindicato dos Trabalhadores e Camponeses Socialistas de Timor (STCST) mobilizou trabalhadores e estudantes das brigadas para celebrar esta importante data e para relembrar que os trabalhadores assalariados e os agricultores continuam a ser explorados.
O Secretário-Geral do STCST referiu-se à importância dos sindicatos:
“… Em Timor-Leste é necessário haver o princípio da liberdade sindical e todos os trabalhadores devem-se associar a um sindicato para poderem obter a máxima capacidade de negociação na luta pelos seus direitos perante os patrões que pretendem explorar trabalhadores indefesos”.
(Agustino Perez, 2023)
No âmbito da actividade realizada hoje houve também um momento para relembrar três destacados membros do STCST que já partiram, Hélder Lopes (Presidente do Sindicato e Vice-Presidente do PST), João Bosco (dirigente sindical e Vice-Secretário Geral V do PST) e Luciano Hornay (Vice-Secretário Geral I do PST e Coordenador dos Centros de Trabalho em Díli sob supervisão do PST).
Sindicato dos Trabalhadores e Camponeses Socialistas de Timor (STCST)
O movimento sindical timorense teve início em 1997 na Indonésia sob a coordenação de Avelino Coelho. Os grupos de activistas pró-independência de Timor-Leste que se encontravam na Indonésia como emigrantes e em actividades clandestinas actuavam alertando os trabalhadores timorenses sobre a posição frágil em que se encontravam, portanto, sobre a necessidade de lutarem com dois objectivos convergentes, defender os interesses enquanto trabalhadores e também para a libertação de Timor-Leste.
O STCST, durante anos, tem feito os possíveis para melhorar a situação dos trabalhadores timorenses em várias empresas e apoiando da mesma forma os camponeses pobres em todo o território nacional.
Os membros do Sindicato dos Trabalhadores e Camponeses Socialistas de Timor, conforme foi possível verificar em diversos documentos a que tive acesso, desempenhou um papel fundamental em várias actividades nacionais e internacionais com o envolvimento da Organização Internacional do Trabalho (OIT) ao participar,
“.. na formulação de um fórum de representação sindical no conselho nacional do trabalho, conselho do salário mínimo e conselho de arbitragem, incluindo ser ativo no diálogo social que é conduzido diretamente pela OIT; e na formação de representantes dos trabalhadores em diversos locais de trabalho, inclusive participando da constituição de fóruns sindicais socialistas em diversas empresas”.
(STCST, 2023)
Subsídios para agricultores e acções para os trabalhadores
Os sucessivos governos têm tomado decisões unilaterais em relação à estipulação do salário mínimo nacional e os sindicatos são ignorados nesse processo porque não são considerados parceiros nas decisões importantes para o desenvolvimento do país.
Neste aspecto, atendendo ao elevado custo de vida e à degradação e pobreza vivida principalmente pelos agricultores e trabalhadores, devido à incapacidade dos vários governos apresentarem políticas públicas correctas, o STCST tem organizado os seus membros na luta pelos seus direitos através da realização de actividades de diversa natureza, como reivindicações através do diálogo social, greves e manifestações, entre outras, e defende “Subsídios para os agricultores e acções para os trabalhadores”, como se sabe, um dos principais lemas utilizados pelo Partido Socialista de Timor (PST) na campanha eleitoral para a Eleição Parlamentar de 21 de Maio de 2023.
Um dos momentos em que a luta se tornou mais relevante registou-se há onze anos com “a realização de actividades do movimento de solidariedade trabalhista e greves de massa lideradas directamente pelo Sindicato no âmbito da comemoração do dia mundial do trabalho em 1 de Maio de 2012” (STCST), onde se registaram detenções de largas dezenas de trabalhadores porque reclamavam uma vida digna e justa.
Para além das imensas acções com trabalhadores, o STCST tem desenvolvido inúmeras acções e encontros com camponeses pobres, principalmente nas montanhas de Timor-Leste, tais como actividades de consolidação com agricultores em áreas remotas com discussões sobre como manter e conservar sementes de milho de alto rendimento em áreas montanhosas.
Devido à sua coerência, apesar de ser ignorado pelos sucessivos governos, mais interessados em preservar os interesses das grandes companhias, o Sindicato dos Trabalhadores e Camponeses Socialistas de Timor (STCST) decidiu hoje celebrar o Dia Mundial dos Trabalhadores na Sede do Partido Socialista de Timor, por entender que este é o único partido político capaz de cuidar dos interesses genuínos dos trabalhadores e agricultores pobres de Timor-Leste.