Crescimento económico anémico em 2024 mas mesmo esse só foi possível com mais trabalhadores. A taxa de investimento no país continua inferior à média da U.E. em Julho de 2024 só 37 desempregados em casa 100 receberam subsidio de desemprego
Neste estudo, utilizando dados das Contas Nacionais Trimestrais do INE do 2º Trimestre de 2024, divulgadas em 30/8/2024, mostro que o crescimento económico (aumento do PIB) em Portugal está a ser cada vez mais deprimente (0,8% no 1º trim.2024; e apenas 0,1% no 2ºTrim.2024) e mesmo esse só foi conseguido empregando mais trabalhadores e não devido ao aumento da produtividade. Mostro que o PIB por empregado diminuiu, entre o 1º trim.2023 e o 2ºtrim.2024, em -0,5%. Este facto é uma consequência do baixíssimo nível de investimento em Portugal, muito inferior à média da U.E. (só no período 2014/2023, Portugal investiu menos 66957 milhões € do que teria investido, se a taxa de investimento fosse igual à taxa média de FBCF da U.E.).
E termino mostrando, com base em dados divulgados pelo INE e pela Segurança Social, que o desemprego real em Portugal é muito superior ao desemprego oficial (mais de uma centena de milhares de desempregados são eliminados do numero oficial de desempregados publicados pelo INE e depois divulgados pelos órgãos de comunicação social sem contraditório) e que, apesar do desemprego ser a principal causa da pobreza em Portugal, apenas 37 desempregados em cada 100 recebiam subsidio de desemprego em jul.2024.
Estudo
Crescimento económico anémico em 2024 mas mesmo esse só foi possível com mais trabalhadores. A taxa de investimento no país continua inferior à média da U.E. em Julho de 2024 só 37 desempregados em casa 100 receberam subsidio de desemprego
O INE publicou em 30 de agosto as Contas Nacionais Trimestrais referentes ao 2º Trimestre de 2024, e os dados são preocupantes. O PIB, ou seja, a riqueza criada, no 1º trimestre de 2024 foi superior à do último trimestre de 2023 em apenas 0,8% e, a do 2º trimestre de 2024, já com o governo da AD, foi superior à do 1º trimestre, em apenas 0,1%. E mesmo este crescimento deprimente só foi conseguido com mais trabalhadores. Se se mantiver esta taxa de crescimento no 3º e 4º trimestre de 2024, o aumento do PIB em 2024, em relação ao de 2023, será apenas 1,2%, inferior mesmo ao previsto pelo anterior governo que era apenas de 1,5%. E o atual governo prometeu um crescimento muito mais elevado.
O EMPREGO AUMENTA, MAS A RIQUEZA CRIADA POR EMPREGADO (PIB) DIMINUI
O quadro 1, com dados oficiais (os últimos divulgados pelo INE em 30 de agosto de 2024) revela uma situação com consequência graves para o país e para os portugueses.
Quadro 1 – Variação trimestral do PIB real, do emprego e do PIB por empregado – 1ºtrim.2023/2ºtrim2024
Os dados do INE do quadro revelam que o aumento, mesmo reduzido do PIB (riqueza criada) trimestral (coluna 2), só tem sido conseguido com emprego de mais trabalhadores (coluna 3) e não com mais investimento e mais tecnologia. O PIB do 2ºtrim.2024 foi superior ao do 2º trim.2023 em 2%, mas este aumento foi só conseguido com o aumento de 1,3% do número de empregados. E se compararmos o PIB do 1º trim.2023 com o do 2º trim.2024, constata-se que este último é superior ao do 1º trim.2023 em 1,5%, mas isso só foi conseguido com um aumento 1,9% do emprego.
Se se analisar a variação do PIB por empregado (coluna 4 do quadro) constata-se que o valor do 2º trim.2024 é inferior ao do 1ºtrim.2023 em -0,5%. É bom que o emprego aumente, mas é mau para o país e para os portugueses que a riqueza criada por empregado não aumente ou até diminua como se verificou em alguns dos trimestres constantes do quadro.
A riqueza criada por trabalhador é um indicador da produtividade total, e não apenas do trabalho, pois aquela depende dos equipamentos utilizados. O declínio da produtividade, ou o aumento anémico desta, mostra que o país continua a apostar em setores de média-baixa e baixa tecnologia, o que é uma consequência do investimento insuficiente, nomeadamente publico que, com os governos de Passos Coelho/Portas e PS/Costa, nunca compensou o Consumo de Capital Fixo, ou seja, aquele que desapareceu pelo uso ou obsolescência. É evidente que sem investir, e continuando a apostar em setores de média e baixa produtividade, e de baixos salários, o país nunca sairá do estado de atraso em que está mergulhado. Veja-se o atraso em que se encontram os programas comunitários ”PRR” e “Portugal 2030”, situação esta prevista desde o início por falta de competências quer no setor público quer no privado, em que o país corre o risco de perder uma parte dos fundos disponibilizados pela U.E., pelo facto de os não utilizar dentro dos prazos estabelecidos.
INVESTIMENTO PÚBLICO E PRIVADO EM PORTUGAL CONTINUA A SER MUITO INFERIOR Á MÉDIA DOS PAISES DA U.E.
O quadro 1, com dados oficiais divulgados pelo Eurostat mostra que o investimento tanto publico como privado, medido em percentagem do PIB, continua a ser muito inferior à média dos países da União Europeia como mostra o quadro 2
Quadro 2 – A FBCF (investimento) publico e privado em % do PIB no período 2014/2023
Se se somar os valores da última linha do quadro anterior obtém-se 66957 milhões €. Este era o valor que faltou investir em Portugal no período 2014/2023 para que a taxa de investimento total (publico + privado) fosse pelo menos igual à taxa média de investimento (FBCF) dos países da U.E. E devido à situação de atraso em que se encontra o nosso país, relativamente à média dos países da U.E., era necessário, para recuperar o atraso e convergir para a média da U.E., investir muito mais, ou seja, a uma taxa superior à média dos países da União Europeia. Caso contrário o objetivo de Portugal convergir para média comunitária nunca será alcançado. E a situação é ainda mais grave, pois governos e patrões portugueses nem consegue utilizar atempadamente os fundos disponibilizados pela União Europeia, correndo-se o risco de perder parte deles, pelo facto dos investimentos não serem executados dentro dos prazos estabelecidos.
O DESEMPREGO REAL CONTINUA A SER MUITO SUPERIOR AO “OFICIAL”, AQUELE QUE É DIVULGADO PELO INE E PELA COMUNICAÇÃO SOCIAL. EM JULHO DE 2024, APENAS 37 DESEMPREGADOS EM CADA 100 RECEBIAM SUBSIDIO DE DESEMPREGO
O INE continua a excluir dos números de desempregados que publica mensalmente, depois divulgados por toda a comunicação social, sem contraditório, todos os desempregados que não procuraram emprego no período em que fez o inquérito nem os desempregados que procuraram, mas que não estão em condições para o ocupar imediatamente.
Como se conclui rapidamente da leitura do gráfico, no período jul.2023/jul.2024, o INE não incluiu, em média, nos números oficiais de desemprego que divulgou, 135800 desempregados. Foi desta forma, eliminando todos os meses este número elevado de desempregados, que o INE conseguiu todos os meses apresentar números de desemprego muito inferiores aos reais, os quais foram divulgados, sem qualquer contraditório, pela generalidade dos órgãos de comunicação social, não informando assim com verdade a opinião pública.
E a justificada utilizada pelo INE para eliminar um número tão elevado de desempregados dos números oficiais de desemprego, é que esses desempregados não procuraram emprego ou que não podiam ocupar imediatamente um emprego, apesar de todos estarem desempregados. É desta forma que é construída a realidade oficial do desemprego no país, que depois os órgãos de comunicação social divulgam sem esclarecimento, enganando assim a opinião pública.
Para além de tudo isto, o gráfico também mostra o reduzido número de desempregados que recebem subsídio de desemprego. Em jul.2023, recebiam subsídio de desemprego apenas 35 em cada 100 desempregados; em abril.2024, 40 em cada 100; em mai.2024 e jun.2024, apenas 38 em cada 100; e, em jul.2024, o número de desempregados a receber subsídio diminuiu para 37 em cada 100 desempregados. E o desemprego é a principal causa de pobreza.
O DESEMPREGO É A PRINCIPAL CAUSA DA POBREZA EM PORTUGAL SEGUNDO O INE
Os governos têm restringido fortemente as condições em que os desempregados têm direito ao subsídio de desemprego excluindo a esmagadora maioria deles, e causando assim um aumento enorme da pobreza como mostra o quadro que está disponível no site do INE e que copiamos. Os comentários são desnecessários. Os leitores tirem as suas conclusões.
Quadro 3: Taxa de risco de pobreza segundo a condição perante o trabalho, Portugal – 2022