O Grupo Internacional de Apoio à Síria (que inclui 17 países, entre eles os EUA, a Rússia e toda a Liga Árabe) chegou a acordo, na noite de Quinta para Sexta-Feira, para uma “cessação das hostilidades” na Síria, dentro de uma semana, e um acesso intensificado dos civis a transportes de ajuda humanitária.
O acordo conseguido em Munique na noite de Quinta para Sexta-Feira é tão urgente quanto frágil, até porque o cessar-fogo não tem a assinatura do auto-proclamado “Estado Islâmico” nem da frente Al-Nusra (o braço sírio da Al-Qaeda) e há muitas dúvidas quanto à vontade das restantes partes envolvidas no conflito de honrar o compromisso.
Consciente disto, a chefe da diplomacia Europeia, Federica Mogherini, aclamou com satisfação a assinatura do documento, mas frisou que “Agora, o teste real vai ser a implementação do que foi acordado esta noite”.
O cessar-fogo permitiria refrear a barbárie num conflito que dura há 11 anos e já custou a vida a 470 mil pessoas, segundo um relatório publicado esta Quinta-Feira pelo Syrian Center for Policy Research. Desde o início da guerra, em Março de 2011, 11,5% da população da Síria morreu ou ficou ferida.
Há ainda muitas questões importantes por resolver e os EUA e a Federação Russa impõem-se como polícias da implementação do acordo.
Em conferência de imprensa, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, sublinhou que quanto aos problemas humanitários.
“Estamos convencidos de que hoje conseguimos chegar a acordo sobre os princípios das soluções, segundo a ideia de que o acesso à ajuda será facultado em toda a Síria a todas as áreas sitiadas, sem qualquer excepção”, e que “Isso será feito de forma integrada, para não discriminar ninguém”.
Para o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, “o regime de Bashar Al-Assad estava a violar a lei internacional ao tentar forçar a rendição através da fome” e “este processo estava de facto a fortalecer o Daesh e a fazer com que conseguisse tirar vantagem do caos”.
O representante dos rebeldes sírios insistiu que o processo de paz está dependente da concretização do acordo no terreno. “Quando verificarmos a implementação do acordo no terreno, estaremos prontos para o processo político”, declarou Salim al-Muslat.
Para já, o que as populações no terreno têm a agradecer aos beligerantes é terem aberto uma porta à ajuda humanitária, que para muitos chegará tarde de mais, mas é vital para os vivos.
“Nós não apenas concordámos em melhorar a situação humanitária, de uma forma geral, mas também que os primeiros transportes de ajuda humanitária vão acontecer este fim de semana”, explicou o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Frank-Walter Steinmeier.
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