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Quinta-feira, Abril 17, 2025

Romney volta a atacar Donald Trump

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O republicano Mitt Romney, ex-candidato à presidência dos EUA em 2012, voltou a atacar Donald Trump. Num discurso na Universidade de Utah, transmitido pela CNN, Romney disse que Trump “é uma fraude”, acrescentando que “as promessas dele são tão sem valor como um grau académico da Trump University”. “Está a fazer os americanos de parvos: ele ganha uma viagem grátis para a Casa Branca e tudo o que nós ganhamos é um chapéu mau”.

O republicano não ficou por aqui: “a desonestidade é marca registada de Donald Trump, frisando o “bullying, a ganância, o exibicionismo, a misoginia e o teatro de mau gosto”. Porém, há quatro anos atrás, ambos os republicanos trocavam elogios e o milionário até dizia ser uma honra apoiar as aspirações presidenciais de Romney. Hoje, o ex-candidato à Casa Branca de 2012 declarou que qualquer dos rivais de Trump seriam escolhas viáveis e disse que Hillary Clinton na presidência também traria problemas ao país.

Até agora, Mitt Romney não declarou apoio a nenhum candidato republicano, e os media do país estão a interpretar este discurso como sendo sinal das divisões internas dentro do partido. “Se os outros candidatos chegarem a um entendimento, acredito que possamos nomear uma pessoa que pode ganhar as eleições e que representará os valores e políticas conservadores”, assegurou.

Quanto à política externa dos EUA, Romney acusa Trump de não ter uma estratégia inteligente: “ele está a canalizar a nossa raiva para propósitos menos nobres. Ele faz dos muçulmanos e mexicanos bodes expiatórios. Apela ao uso da tortura. Apela a que se matem crianças inocentes e membros de famílias de terroristas. Louva ataques feitos a pessoas que protestam”.

Já em relação às declarações de Trump ao programa “60 Minutes” da CBS sobre a Síria e o ISIS , Romney alertou: “esta tem de ser a ideia mais ridícula e perigosa da campanha: deixar o ISIS derrotar Assad, diz ele, e apanhamos os restos. Pensem nisto: deixar a mais perigosa organização terrorista que o mundo já conheceu tomar conta de um país? Isto é irresponsabilidade ao extremo”, acusou.

Ainda antes deste discurso de Romney, o milionário colocou um vídeo na rede social Facebook acusando o ex-governador do estado do Massachussetts de ser demasiado brando em certos valores essenciais da ala conservadora, como a imigração e o aborto. De seguida, revelou a CNN, na rede social Twitter, Trump declarou: “eu levei milhões de pessoas para o Partido Republicano, enquanto os Democratas estão a ir-se abaixo. O establishment quer matar este movimento!”

Num encontro com apoiantes no estado do Maine, Donald Trump reagiu às palavras de Romney: “ele é um candidato falhado”, aludindo ao facto do republicano não ter ganho as eleições em 2012. “Não sei o que lhe aconteceu, ele desapareceu”, ironizou. E acrescentou: “Eu apoiei-o, e podem ver como ele é leal. Ele implorava pelo meu apoio. Se eu lhe dissesse ‘ajoelha-te!’, ele ajoelhava-se”.

John McCain juntou-se ao coro de críticas. O veterano de guerra e político republicano disse “partilhar da preocupação sobre Donald Trump que o meu amigo e antigo nomeado republicano Mitt Romney descreveu no seu discurso”. Citou ainda uma carta aberta de especialistas em segurança nacional, apelando aos eleitores republicanos “para prestarem atenção ao que os nossos mais respeitáveis e sábios líderes e especialistas em segurança nacional estão a dizer sobre o senhor Trump, e a reflectirem muito sobre quem é que eles querem para ser o próximo Comandante-em-Chefe e líder do mundo livre”.

A carta a que McCain alude apela à oposição à candidatura de Trump a presidente dos EUA, e é assinada, entre outros, por Michael Chertoff, vice-director da Homeland Security durante a presidência de George W. Bush; Robert Kagan, líder do movimento neo-conservador e membro do Conselho de Relações Internacionais; e Eric Edelman, ex-responsável de políticas de defesa e antigo embaixador dos EUA na Turquia.

“Estamos unidos na nossa oposição a uma presidência de Donald Trump”, escrevem os signatários. E continuam: “A visão dele da influência e poder americanos no mundo é muito inconsistente e sem orientação (…) ele vai do isolacionismo à aventura militar numa frase”.

Nem a proposta do milionário em banir a entrada de muçulmanos em território norte-americano ficou de fora. “A sua retórica de ódio aos muçulmanos desvaloriza a seriedade do combate ao radicalismo islâmico ao alienar parceiros do mundo muçulmano. Além disso, põe em perigo a segurança e liberdades garantidas, pela Constituição, dos americanos muçulmanos”, sublinham.

Outro aspecto alvo de críticas é o historial de negócios de Trump: “Nem todos os conflitos mortais podem ser resolvidos como se fossem negócios imobiliários, e não existe recurso para um tribunal de bancarrotas em política externa”.

O milionário e apresentador de reality-shows não deixou esta carta aberta sem resposta: “Poupem-me. O general Douglas MacArthur e o general Patton devem estar às voltas nos seus túmulos. Não acreditam no que estão a ver”, declarou.

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