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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

A voz do Povo (Algarve)

Imagem e foto de Isa Silva
Imagem e foto de Isa Silva

Sim, não e talvez a um governo de esquerda

A possibilidade do PS constituir um Governo à esquerda, com a CDU e o Bloco de Esquerda, provoca reacções desencontradas e até opostas entre os algarvios. Um dos ‘locais’ de eleição para se discutir política, hoje em dia, é o Facebook e as respostas a uma pergunta que, especificamente para este artigo, colocámos no grupo ‘Algarve Político’ são ilustrativas da diversidade de opiniões que há sobre esta questão.

Noélia Falcão, Mariette Martinho e Carlos Estanislau consideram que é claro que quem ganha deve governar. A mesma opinião tem Carlos Vargas Silva que quer ver o novo governo PSD/CDS constituído rapidamente, mesmo sem o apoio do PS. Alexandra Féria é taxativa: “não deixamos” que haja um Governo à esquerda, enquanto que Luís Jorge Teixeira e João Esteves Fonseca vão mesmo mais longe e consideram que se estaria perante um “golpe de Estado” se isso acontecesse.

Uma posição rebatida por Ricardo Palet, que lembra existirem por essa Europa fora vários exemplos de não serem os partidos mais votados aqueles que lideram os respectivos governos. É uma possibilidade “perfeitamente democrática”, concorda Carlos Ataíde, que, no entanto, duvida da sua viabilidade.

António Vitorino defende que, por um lado, a quem ganha deve ser dada a primeira palavra, mas lembra que não há governo estável sem maioria na Assembleia da República. Ora, uma eventual coligação de esquerda tem maioria e é constitucional, pelo que não vê qualquer problema de legitimidade. No essencial, o mesmo argumento é utilizado por Carlos Gordinho que diz que a legitimidade é a que a maioria dos deputados entenderem. Domingos Martins aceita um executivo da esquerda unida que “tem legitimidade dada pelo povo”, o qual “maioritariamente disse não a mais austeridade”. Por fim, Estela Lapa nem quis entrar na discussão, por entender que “os partidos de nada valem, são uma hipocrisia”.

Passando do online para o offline, Guedes de Oliveira, empresário lacobrigense de 60 anos de idade, considera que “não há possibilidade prática” de concretizar a constituição de um governo de coligação PS/CDU/Bloco. Desde logo, porque está convencido que o presidente da República não lhe daria posse. Mas também porque “seria muito difícil que o PS se entendesse com os outros dois partidos em questões essenciais que têm, por exemplo, a ver com a Europa”. Para que uma coligação dessas resultasse, “o PCP e o Bloco teriam de engolir muitos sapos, e não me parece que isso vá acontecer”.

De qualquer forma não condena as negociações que António Costa tem vindo a desenvolver. Pelo contrário, elogia tal atitude, pois o secretário-geral do PS “está a fazer o que devia ter sido o presidente da República a fazer, ou seja, ouvir toda a gente”.

Já Hélder Marques, comercial, actualmente desempregado, de 53 anos de idade, entende que não haveria qualquer problema nesse tipo de entendimento e até o apoia. E pergunta: “então o PSD e CDS deixaram o país de rastos, só defenderam os interesses dos grandes grupos económicos e agora iam continuar a governar quando a maioria dos portugueses rejeitou a política de austeridade que levaram a cabo?” E, de qualquer forma, o partido que lideraria o executivo seria o PS, o que não colocaria problemas especiais na credibilidade externa. Se, ao fim de algum tempo, PCP e Bloco tivessem “um comportamento menos correcto e que pusesse em causa os interesses do país”, haveria sempre a possibilidade do governo se demitir e irmos para novas eleições, voltando os políticos a dar a palavra aos portugueses.

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