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Sexta-feira, Novembro 22, 2024

Clara Zetkin

Maria do Céu Pires
Maria do Céu Pires
Doutorada em Filosofia. Professora.

Quem é esta mulher cujo nome está associado à proposta de criação, em 1910, de um Dia Internacional da Mulher?

Maria do Céu PiresNasceu na Alemanha (região da Saxónia), em 1857 e foi professora, jornalista e dirigente do Socorro Vermelho Internacional. Foi uma pensadora e uma mulher de acção. Juntamente com Rosa Luxemburgo (com quem estabelece uma profunda relação de amizade mas também política) foi uma figura fundamental do movimento operário e do movimento feminista do fim do século XIX e princípio do século XX. Foi membro da ala esquerda do Partido Social Democrata Alemão (SPD), que esteve na origem do partido Comunista Alemão (KPD), sendo deputada durante a vigência da República de Weimar, entre 1920/1933.

Foi educada em princípios cristãos e humanistas, tendo observado, desde muito nova as condições de miséria em que viviam as famílias dos seus colegas de escola. Este conhecimento da realidade do mundo operário aliado à sua vivacidade, à vontade de saber e ao seu inconformismo perante as situações de desigualdade social conduzem-na a um aprofundamento teórico das questões do marxismo e a uma crescente prática revolucionária. Em Paris, no Congresso Internacional Operário realizado a 19 de Julho de 1889, tendo como ouvintes 400 representantes de toda a Europa, apresenta um relatório (o primeiro!) sobre a questão das mulheres, proferindo um grande discurso: “Pela Libertação da mulher!”

Programa de Gotha

Lore Agnes (MSPD) – Clara Zetkin (KPD) – Mathilde Wurm (USPD
Lore Agnes (MSPD) – Clara Zetkin (KPD) – Mathilde Wurm (USPD

A sua influência cresce e em 1896 no Congresso do SPD consegue que a questão das mulheres esteja presente no Programa de Gotha, aí ficando explícitos os problemas da protecção legal das trabalhadoras, nomeadamente, a reivindicação de oito horas de trabalho, de salário igual para trabalho igual, o direito de participação, de reunião, de associação e de voto. Publica artigos em jornais e revistas e dirige de 1892 até 1917 a revista Die Gleichheit (A Igualdade) que, em vésperas da 1ª Guerra, tinha atingido 125 mil assinantes. Distinguiu-se por considerar que as mulheres não são um grupo homogéneo, tendo tratado as questões do feminismo no contexto de uma visão de luta de classes, associando a emancipação das mulheres à emancipação das classes oprimidas.

Passados mais de 150 anos, parece-me que o exemplo de Clara Zetkin se mantém, em muitos aspectos, com toda a actualidade: pela sua coragem, pelo seu pacifismo, pela sua fidelidade a convicções, pelo seu caminhar “contra a corrente”!

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