A “Bala Perdida” que matou um rapaz que o pai levou para o assalto
São 224 páginas escritas pelo militar Hugo Ernano em parceria com a jornalista Rosa Ramos e que conta a trágica história de uma bala perdida durante a perseguição do assaltante que tinha o filho menor no banco de trás. O rapaz morreu e Hugo Ernano ainda luta contra o pesadelo daquela bala ter matado, uma condenação em tribunal, uma indeminização de 50 mil euros à família da vítima, várias ameaças de morte e o temor de poder ser expulso da GNR.
‘Bala Perdida’ começa a 11 de agosto de 2008, às 17h21, quando o militar da GNR Hugo Ernano disparou na tentativa de imobilizar a carrinha que transportava os assaltantes de uma vacaria, em Santo Antão do Tojal, Loures.
Hugo apontou ao pneu direito da viatura em fuga. Um solavanco na estrada fez a bala atingir a traseira da carrinha. Só quando os assaltantes finalmente pararam é que o militar percebeu que havia uma criança escondida na parte de trás da carrinha. A bala matou o rapaz de 13 anos, filho do assaltante.
O facto do rapaz que morreu ser de etnia cigana tem sido usado também como uma arma contra o militar mas ao Jornal Tornado Hugo Ernano tem recebido também apoios de pessoas da mesma etnia e exemplifica com um episódio: “Estava eu num café e dois jovens de etnia cigana ofereceram-me 50 euros cada para colaborar na campanha de fundos para a minha defesa. Não aceitei o dinheiro e informei-os de que havia uma conta bancária para o fazerem”.
Hugo tem recebido apoio das forças de segurança, dos amigos e da população para conseguir suportar os custos do processo. E este livro, editado pela “Esfera dos Livros” tem a mesma finalidade. Cada exemplar de ‘Bala Perdida’ custa 17 euros, sendo que 1,20 reverte directamente para a conta solidária que ainda está longe de poder pagar as despesas judiciais dos recursos que Hugo já fez desde que foi condenado no tribunal de primeira instância.
Em Outubro de 2013, o Tribunal de Loures condenou o GNR a nove anos de prisão e a indemnizar os país da criança em 80 mil euros. Nos recursos, o Tribunal da Relação de Lisboa reduziu para pena suspensa de quatro anos de prisão e reduziu também a indemnização para 45 mil euros.
O Supremo Tribunal de Justiça manteve a pena suspensa mas aumentou a indemnização para 50 mil euros. Esgotados os recursos em Portugal, Hugo quer recorrer para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.