Aos poucos, o edifício que outrora albergou uma escola primária numa rua da Cruz-Quebrada/Dafundo, concelho de Oeiras, está a ver crescer um projecto social onde o voluntariado é a chave e a troca de experiências entre jovens de vários países uma das iniciativas principais.
Este edifício em processo de reabilitação alberga um projecto da Associação Pró-Atlântico, fundada em 2001. Sem fins lucrativos, conta com mais de dez mil associados e tem como missão desenvolver actividades de carácter social, cultural, recreativo e desportivo com pessoas de todas as gerações. Os intercâmbios europeus e o voluntariado são as traves-mestras desta Associação.
A Casa Europa – Centro Europeu Intergeracional situa-se num edifício datado dos anos 30 do século XX, que foi casa particular até à Revolução de Abril de 1974, como explicou Nuno Chaves, um dos responsáveis do projecto. O edifício tornou-se escola primária, a EB1 Roberto Ivens, mas com o passar dos anos e a degradação, a escola foi desactivada.
Enquanto os estragos avançavam, o prédio albergava os arrumos da Câmara Municipal de Oeiras e servia de depósito de alguns particulares que pediam autorização para esse fim. Chovia dentro de “todas as divisões”, as portas e janelas deterioravam-se, utilizar a água estava fora de questão e os esgotos também estavam em muito mau estado, relatou Nuno Chaves.
Graças a um protocolo entre a Pró-Atlântico e a autarquia, o edifício passou para a responsabilidade da Associação em 2014; as obras de reabilitação ainda estão em fase de acabamento, uma vez que se trata de um edifício de três andares e o financiamento tem limitações, mas Nuno Chaves recorda o começo desse processo: novos sistemas de água e esgoto foram instalados, o sistema de electricidade foi reformulado, as estruturas restauradas e está em fase de acabamento um balneário, para que crianças e jovens possam lá ficar durante o Verão, durante actividades que a Associação quer levar a cabo.
Tudo graças a uma forma de voluntariado que é também uma troca: os participantes aprendiam a fazer estas tarefas enquanto ajudavam a reconstruir a casa. As obras que estão ainda a decorrer neste momento custaram já à Associação 150 mil euros.
A Casa Europa tem como objectivo acolher várias valências como uma Academia Sénior e Espaço Saúde, mais voltada para os idosos, integrar os jovens na vida activa através de um Centro de Formação e salas de estudo e promover o convívio entre gerações, não esquecendo o apoio social à comunidade.
Os fundos para o projecto vêm das quotas dos associados, de workshops de valorização pessoal organizados pela Associação, da autarquia oeirense, da União Europeia e do IPDJ (Instituto Português de Desporto e Juventude).
Nuno Chaves revela que o voluntariado em regime de intercâmbio europeu é totalmente apoiado pelo Erasmus+: os candidatos a voluntários que queiram ir colaborar em projectos semelhantes noutros países têm todos os custos cobertos por esse programa, incluindo um seguro pessoal.
O responsável reconhece que começa a haver mais prática do voluntariado de Portugal para outros países, recordando que noutros casos, como a Alemanha, o facto de uma pessoa fazer um “interregno” de um ano antes de ir para o ensino superior, em voluntariado, é muito valorizado. Nuno Chaves admite ainda que este tipo de programas de voluntariado pelo mundo, apoiados por fundos comunitários, ainda é desconhecido para a maioria das pessoas.
Receberam voluntários de muitas partes do mundo: sobretudo do continente europeu, mas também passaram pela Casa Europa jovens do Togo, Uruguai, Camboja e Turquia. De acordo com as estatísticas apresentadas no site da Pró-Atlântico, o país com o maior número de voluntários enviados foi a Roménia (141), seguindo-se a Polónia (81), a Bulgária (59), a Itália (51), a Turquia (36) e Espanha (35).
O TORNADO esteve presente numa das iniciativas da Casa Europa, onde um jovem turco e um italiano prepararam apresentações sobre os seus países; o primeiro voluntário fez um breve resumo das características da Turquia, mencionando as principais características (moeda, população, superfície, língua e capital), falou do património cultural, costumes, tradições e trajes de cada região do país.
Tempo ainda para mencionar alguns dos mais marcantes monumentos e paisagens naturais que existem em solo turco e de algumas curiosidades, como o facto de existir uma cidade com o nome de Batman e de São Nicolau ter nascido no país. A gastronomia também foi mencionada, e alguns vídeos com momentos de bom humor divertiram a assistência, constituída por jovens de várias nacionalidades.
Seguiu-se o voluntário italiano, que quis apresentar alguns factos menos conhecidos sobre o seu país, não esquecendo a cultura, gastronomia, monumentos, tradições e a indústria da moda; a apresentação encerrou com um jogo de adivinhas onde a assistência foi dividida em dois grupos, para ver quem acertava mais no significado de gestos italianos usados na conversação quotidiana.
O objectivo da Pró-Atlântico é que a Casa Europa seja cada vez mais conhecida e possa ter um conjunto alargado de actividades que unam as gerações, sublinha Nuno Chaves. Até agora, a Casa Europa é divulgada sobretudo através do site e da página da instituição na rede social Facebook.
No próximo dia 20 de Março, a instituição promove um Dia Aberto Casa Europa, iniciativa que decorre das 10h às 17h, aberta a todo o público e gratuita. Algumas das actividades previstas são aulas de yoga, dança de grupo, aulas de cozinha vegetariana e atelier de pintura a óleo, cabeleireiro, animação para crianças, pinturas faciais, pinturas de ovos da Páscoa, entre outros.
