Ainda não há confirmação oficial, mas circula intensamente aqui em Brasília que Lula teria afinal aceite o convite da Dilma Rousseff para integrar o governo – seja como responsável pela Casa Civil (cargo equivalente ao de primeiro ministro) seja como ministro da coordenação política – que tem a seu cargo a ligação entre o Planalto e o Congresso.
A confirmar-se, o movimento visaria proteger o ex-presidente das investigações de primeira instância – como são as da Lava Jato – uma vez que readquiriria ipso facto foro privilegiado, só podendo ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal.
O risco desse possível movimento – uma espécie de defesa índia do rei, jogada consagrada no xadrez – seria o governo poder cair entretanto, quer por decisão favorável do processo de impeachment/impugnação que já decorre na Câmara dos Deputados, quer por decisão do Tribunal Superior Eleitoral, onde decorrem acções que acusam a campanha eleitoral de Dilma em 2014 ter sido financiada por doações ilegais.
No dizer de um dos líderes da oposição, “Lula e Dilma cairiam juntos, agarrados um ao outro” – a situação clássica do abraço do afogado.
Já para os círculos que apoiam o governo, além de proteger Lula, o movimento seria uma derradeira tentativa do executivo readquirir algum controlo da situação, insuflando no governo o que resta de apoio a Lula no país (segundo as sondagens, cerca de 37%…).
Mas as notícias dos blogs e sites onde a circula a especulação pode também ser apenas uma forma de pressão para uma medida que se quer ver concretizada mas ainda não está confirmada.
Há que aguardar por uma eventual confirmação (ou desmentido) oficial. Entre golpes e contra-golpes, a novela da crise brasileira prossegue com grande intensidade, prometendo mesmo mais episódios de grande suspense e dramatismo todos os dias, ao vivo e a cores.
De qualquer forma, para Dilma e Lula a situação não está fácil. Como se diz no Brasil “a coisa aqui está preta – se ficar o bicho come, se correr o bicho pega…”