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Sábado, Dezembro 21, 2024

Lula, fosga-se, pá!

João Vasco AlmeidaO que foste fazer, Lula? Qual Sepúlveda, de fuga para o mato, para nunca mais ninguém o ver da mesma forma. Há um mal intrínseco no dia de ontem, quando um herói se entrega no colo da mãe que ele próprio inventou, na edipiana trama política que era, afinal, apenas, mais um caso de corrupção.

Luiz Inácio, homem, o Brasil não podia ter esta desilusão com a democracia, sob pena dos idiotas da paulista ganharem o campeonato do regresso aos tempos de ditadura ou de Collor. Assim, ainda vão acreditar no tiro ao Tancredo e desfazer da memória o que o PT conseguiu, construindo em cima de FHC.

Presidente, que mal fez o Brasil para perder a sua esquerda para um processo que tira o nome das lavagens de carros em Londrina? Comiam todos, segundo o Ministério Público Federal. Um cartel em empresas abocanhava os “concursos” e distribuía o valor da sobre-orçamentação pelos políticos corruptos dos partidos interessados. Lavava o dinheiro nas estação de serviço. Que miséria, pá.

O herói da história é um rapaz chamado Sérgio Moro, educado em colégios católicos e filho da classe média dos anos sessenta, aquela que Lula sabia ser protegida, contra os operários. Se a nomeação de Lula é esturro certo, a investigação é vingança política, bradam os atentos. Moro é mais um exemplar dessa raça alienígena que são os super-juízes, vingadores do povo sem mandato ético.

Lula, o Brasil contra ti devia ser uma vergonha. Aqui, um teu amigo foi dentro e, apesar do estilo que já ninguém suporta, entregou-se. Fazer de Sócrates um anjo unânime é trabalho difícil. O poder não pode corromper o velho sindicalista que foi mais do que dez Obamas para essa terra.

Lula da SilvaAs escutas que o juiz Moro agora vaza para o público não dizem muito sobre a culpa ou inocência material, mas ninguém quererá saber disso: o que interessa é que o Presidente fugiu como o Manoel que naufragou um dia à costa de Moçambique e viu a mulher violada pelos cafres e ainda lhes pediu penitência, antes de se acobardar absolutamente, talvez posto em sossego com uma corda de pescoço e uma árvore de destino.

Lula, pá, camarada, fosga-se, pá!

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