Com uma abstenção na ordem dos 33,2%, os cerca de 350 mil eleitores chamados às urnas este domingo em Cabo Verde deram a vitória ao Movimento para a Democracia (MpD) de Ulisses Correia e Silva. Quando faltavam apurar oito lugares nos 72 que terão assento no Parlamento, o partido liderado por Ulisses Correia e Silva já tinha recolhido perto de 120 mil votos e conquistado 36 lugares, enquanto o PAICV, de Janira Hopffer Almada, apenas conquistara 25 lugares, o correspondente a uma votação de perto de 82 mil votos.
O UCID, liderado por António Monteiro conseguiu 16 mil votos e 3 lugares no parlamento, com apenas 7% dos votos.
Tudo indica, por isso, que Ulisses Correia e Silva será o próximo primeiro-ministro de Cabo Verde sucedendo no cargo a José Maria das Neves, o líder do governo do PAICV que havia conquistado o poder em 2001, há 15 anos.
Um país em que o turismo é a maior actividade económica, com cerca de 1350 empresas na área do alojamento e restauração que dão emprego a mais de 10 mil pessoas e cerca de 4500 empresas na área do comércio empregando cerca de 12 mil pessoas.
De resto o emprego é o grande problema a resolver pelo próximo Executivo. Os valores do desemprego situavam-se na ordem dos 16,8% e o desemprego jovem aumentou consideravelmente nos últimos anos situando-se nos 35,8%. Talvez por isso a campanha assentou sobretudo na promessa dos candidatos na criação de emprego.
Janira prometeu criar 15 mil postos nos próximos cinco anos enquanto o futuro primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva prometeu criar 45 mil postos de trabalho. Mas, a tarefa não é fácil num país com inúmeras assimetrias. A ilha de Santiago concentra quase 45% da actividade económica do país e é apenas seguida por S. Vicente acolhendo menos de 20% das empresas.
Segundo o inquérito anual às empresas levado a cabo pelo Instituo Nacional de Estatísticas de Cabo Verde, dos dados de 2014 ressalta a assimetria entre as Ilhas com uma grande concentração da actividade empresarial em Santiago, São Vicente, Sal e Boa Vista, concentrando cerca de 79 % do total de empresas activas em 2014, e gerando 92% do total do pessoal ao serviço. Nestas ilhas acumulam-se 97% do volume de negócio total gerado pelas empresas activas em Cabo Verde, refere-se naquele inquérito.
Neste país cuja emigração pelos diversos continentes, é superior ao número de população residente dentro de fronteiras a tarefa de Ulisses Correia e Silva não será fácil.