O chamado bloco de Oposição Construtiva, constituída pelo PIMO, Partido Independente de Moçambique, liderado por Ya Qub Sibindy, e o Partido Ecologista Movimento da Terra, (PEC), dirigida por João Massango, lançaram um apelo a Afonso Dhlakama (Renamo). Neste apelo estes pequenos partidos, sem assento parlamentar, pedem uma moratória de 120 dias ao líder do partido da perdiz, que ameaça a partir do final do mês, passar a governar autonomamente seis províncias do Norte e Centro de Moçambique, províncias que reclama ter ganho nas eleições de 15 de Outubro de 2014.
Na altura, Filipe Nyusi, o actual presidente que substituiu Armando Gebuza, obteve, segundo dados oficiais, 57,03% dos votos e o seu partido, a Frelimo, teve 55,97% para o Parlamento, o que lhe permitiu ter 144 lugares dos 250 deputados, a Renamo conquistou 89 assentos (32,49%) e o MDM 17, (8.36%). Nas provinciais, das 17 províncias, a Frelimo venceu 12, contra 3 da Renamo e 2 do Movimento Democrático de Moçambique de David Simango. O líder da Renamo acusou a Frelimo de fraude eleitoral e reclamou vitória nas províncias do Centro e Norte do país e vem reivindicando o direito de governar estas províncias contra a vontade das autoridades moçambicanas.
A ameaça de Dhlakama de assumir a governação de dois terços do território passou a ser recorrente, mas sempre apaziguada pelo processo negocial com a Frelimo. Um processo negocial que acordou, por exemplo, a integração no aparelho administrativo moçambicano de elementos da Renamo, mas que bloqueou na pretensão do partido de Dhlakama de proceder à mesma integração em cargos de chefia das Forças Armadas moçambicanas.
A saída do líder da Renamo de Maputo para o interior, sobretudo no Norte, onde a Renamo beneficia de apoio popular e onde se encontra uma grande parte dos ex-combatentes daquele movimento, fazia antever o pior.
A 20 de Janeiro o secretário-geral da Renamo, Bissopo Manuel foi baleado e ferido na cidade da Beira e o seu guarda-costas morto e as autoridades negaram qualquer envolvimento neste incidente. O clima volta a ser de pré-ruptura.
Já no início desta semana a Rádio França Internacional (RFI) dava conta de que a responsável pelo centro de acolhimento do Malawi afirmara que cerca de 11 mil moçambicanos se encontravam acantonados num campo de refugiados em Kapise para fugir a confrontos militares. O mesmo órgão de comunicação, citando declarações de Monique Ekoko, representante do ACNUR no Malawi, registava a presença de 8776 moçambicanos a seis quilómetros da fronteira moçambicana, mas já dentro do território do Malawi.
Este aumento do número de deslocados moçambicanos para o Malawi são sinais claros da existência de confrontos militares em Moçambique.