… ou o dia em que Moro brigou por Lula.
Aparentemente, ninguém. Enquanto a Operação segue com delações premiadas a mais e condenações a menos, o vice-presidente nacional do PSDB questiona, na Justiça, o candidato único do próprio partido à prefeitura de São Paulo, João Dória Júnior. Dória foi acusado de “compra de votos dos colegas” por Andrea Matarazzo, um dos fundadores do partido, que iria concorrer com Dória à candidatura, mas acabou se desfiliando.
João Dória Júnior é também presidente do LIDE (Grupo de Líderes Empresariais) e irritou o Juiz Sérgio Moro por pedir insistentemente a prisão de Lula (Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil) durante evento que reuniu 600 empresários, em setembro de 2015. Na ocasião, Moro foi enfático ao dizer que Lula nem sequer estava citado na Lava Jato, portanto, não seria preso.
O tempo favoreceu Dória e sua “prematura” reivindicação de prisão, hoje demandada não só por ampla parcela da população como por intelectuais que combateram a ditadura e agora militam com estranho fervor antipetista, caso de Fernando Gabeira.
Diante desse e de outros fatos recentes, que a grande imprensa não noticia ou evita destacar, a ida da população às ruas contra a “corrupção do governo” (que existe, sem sombra de dúvida) parece uma piada de mau gosto, já que a corrupção já está articulada, ao que parece, para ganhar as próximas eleições de prefeito e vereador (2016).
Por outro lado, a adesão à manifestação contra o golpe e a favor da democracia – agendada para dia 31 em todo o Brasil e nas principais capitais e cidades do mundo – torna-se a única saída possível desse espetáculo bizarro que estamos vivendo, quase incompreensível para quem se deixa manipular pelo sensacionalismo midiático, que não é praticado apenas e exclusivamente pela grande imprensa, lamento dizer.
Voltando ao Dória
O PSDB decidiu no dia 20 de março quem seria o candidato à prefeitura da cidade nas próximas eleições municipais. O pré-candidato João Doria foi o único nome que participou da disputa, já que Andrea Matarazzo, classificado no primeiro turno para a votação, desfiliou-se do partido no dia 18 de março.
De acordo com Matarazzo, houve compra de votos “sem cerimônia”, e há gravações para comprová-la, transporte de eleitores, constrangimento de pessoas, seguranças dentro dos locais de votação e uso da máquina pública. “Tudo isso me faz acreditar que o PSDB não é mais o partido que ajudei a construir. O que está sendo feito agora não é a política do meu PSDB, um partido sério e correto”, escreveu Matarazzo ao anunciar a desfiliação, referindo-se à campanha do seu concorrente nas prévias.
A posição do PSDB
Na ocasião, o diretório municipal do PSDB informou que, após o anúncio de Matarazzo, ainda não havia decidido como seria escolhido seu candidato à prefeitura, nem como seria feito o processo eleitoral. Segundo Evandro Losacco, vice-presidente estadual do PSDB, não há nenhum fato concreto contra João Doria. Há uma representação contra a candidatura dele, nas instâncias partidárias do PSDB, mas sua tramitação ainda não foi concluída. “Então, não faz sentido entrar com representação no Ministério Público Eleitoral”, avaliou. Para Losacco, o intuito da representação no MPE é “desgastar o candidato com maior número de votos ”.
O deputado federal Ricardo Tripoli, terceiro colocado no primeiro turno das prévias, demonstrou desinteresse em participar da segunda fase da disputa, segundo a executiva municipal do PSDB. Dessa forma, os filiados ao partido em São Paulo tiveram apenas três opções de voto: João Doria, branco ou nulo.
A oposição do PSDB
Nesta terça-feira (29), segundo informações de suas assessorias, o ex-governador e vice-presidente nacional do PSDB, Alberto Goldman, e o presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Aníbal, entraram com uma representação no Ministério Público Eleitoral (MPE) contra a candidatura de João Doria à prefeitura de São Paulo pelo partido.
Com informações da Agência Brasil