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Terça-feira, Março 4, 2025

Podemos faz cedência, PSOE com esperança de formar governo

podemos
Pablo Iglesias, líder do partido político espanhol Podemos, abdicou de ser vice-primeiro-ministro de Espanha para desbloquear as negociações com o PSOE de Pedro Sánchez, com vista à formação de um eventual novo Executivo do país. “Se o problema do PSOE é a minha presença, renuncio a estar nesse governo; o importante é que haja um governo de coligação ‘à valenciana’”, frisou Iglesias, que não pretende ser um obstáculo a um possível pacto entre as esquerdas espanholas.

O El Mundo revela, que esta cedência por parte do político abre uma nova etapa nas negociações entre o PSOE e o Podemos, que podem a partir de agora falar sobre um futuro programa de governo ao invés de se focar na composição do Conselho de Ministros.

Esta cedência do líder do partido surge a 30 dias do fim do prazo para formação de Governo, e no contexto de um desgaste político dentro do mesmo devido a uma crise interna e pela má opinião pública, que atribuiu àquela formação parte da responsabilidade do bloqueio institucional pela sua postura de inflexibilidade, diz o jornal espanhol.

Iglesias ainda considera que um governo tripartido (formado pelo PSOE, Podemos e o Ciudadanos, partido de esquerda catalão) é muito difícil, dadas as discordâncias entre todos no plano económico, fiscal e laboral. Mesmo assim, o líder do Podemos quer reunir-se com Albert Rivera, líder do Ciudadanos, para chegar a um entendimento. Outro dos objectivos de Iglesias é obter o apoio, de forma activa ou passiva, da formação catalã a uma coligação “à valenciana”.

 

O partido Ciudadanos entra em campo

Assim, é Rivera quem terá agora de responder. Iglesias pediu-lhe “responsabilidade de Estado” para evitar que o PP de Mariano Rajoy forme governo ou que haja novas eleições legislativas. Apesar disso, este aparente recuo do líder do Podemos não significa que o partido desistiu de reclamar a vice-presidência de um futuro governo de esquerda espanhol, porque sublinha que existem membros desse partido “suficientemente preparados” para desempenhar o cargo, insistindo que este é “a consequência lógica” do pacto com o PSOE. Sobre este assunto, o líder não avança com nomes.

O político também anunciou que vai liderar a equipa de negociações do partido, afirmando que vai “arregaçar as mangas” e “dar o tudo por tudo” para que se iniciem conversações sobre os programas eleitorais de ambos os partidos, nos quais acredita haver “muitos elementos que poderiam servir para chegar a um acordo”. Defendeu ainda que o PSOE deveria manter a proposta de repartir “proporcionalmente” os ministérios de um futuro governo de esquerda, e que nessa formação possam entrar pessoas independentes.

 

O que diz o PSOE

Por sua vez, Pedro Sánchez, do PSOE, congratulou-se com a atitude do líder do Podemos, sobretudo com a vontade deste numa reunião com o PSOE e o Ciudadanos. Assumiu que a aposta é manter a soma dos deputados dos três partidos, o que dá a chamada “via dos 199”, ou seja, a maioria absoluta para poder governar.

Sánchez quer o apoio dos outros dois partidos para chegar a presidente do Governo espanhol e não descarta um acordo com Izquierda Unida, Compromís (coligação valenciana) e o PNV (ecologistas). O socialista afirmou aos jornalistas que os três partidos concordam em evitar novas eleições legislativas e em acabar com a governação de Mariano Rajoy, mas evitou um optimismo exacerbado.

Sobre a renúncia de Iglesias ao cargo de vice-presidente de um futuro governo de esquerda, Sánchez afirmou que o PSOE nada teve a ver com a decisão, que atribuiu ao próprio líder do Podemos. E não se esquivou a criticar algumas atitudes de Iglesias, como por exemplo, o seu apoio a um alto dirigente autárquico que agrediu um edil do PSOE em Jaén.

Apesar das críticas, salientou que “a falar, a dialogar e a negociar, as discrepâncias com o Podemos podem ser resolvidas”. Sánchez revelou que vão ser estudadas as 200 medidas do acordo do PSOE com Ciudadanos para se chegar a um acordo tripartido, as quais serão discutidas e aprovadas no Parlamento espanhol.

 

Ciudadanos, porém, diz “nem por isso” ao Podemos

O partido de Albert Rivera reagiu com cepticismo à reunião entre PSOE e Podemos e não poupou críticas a Pablo Iglesias. Consideram que estas reuniões “só servem para falar de lugares e não de propostas” e assumem que vão continuar a trabalhar para uma coligação PSOE/Ciudadanos/PP. “Para além das poses, existe pouca mudança de fundo no discurso de Iglesias. Poucas novidades no horizonte”, acusou José Manuel Villegas, vice-secretário-geral do partido.

O El Mundo revela que o representante acusou o líder do Podemos de achar “que a política em Espanha gira em redor dele”. “Mensagem recebida, quer que apoiemos um Governo de populistas e separatistas. Mensagem recebida: não vamos apoiá-lo nem de forma activa, nem de forma passiva”, declarou, aproveitando para alertar o líder socialista de que existe um cenário em que poderiam passar a ser oposição.

O Ciudadanos considera que novas eleições seriam um fracasso, mas preferem uma nova ida às urnas do que “um Governo onde estejam populistas”. Não fecha a porta a uma reunião com o Podemos, embora descartem uma conferência de líderes, mas dão prioridade a um entendimento com o PP de Mariano Rajoy. Apesar da reiterada vontade do partido em incluir o PP num possível Governo de coligação, este já respondeu que não pretende fazê-lo – em quatro ocasiões diferentes.

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