A ditadura é mera lembrança na cabeça dos que não a viveram e que encontraram um país com um pouco mais de acesso aos direitos humanos.
Mas o pior é que a ditadura (considerando-se que seja um sistema político imposto, que retire de cena ilegitimamente um presidente eleito pelo povo) tornou-se incompreensível para os que a conheceram.
Hoje chega elegante, de terno e com fala sedutora, chega mansa trocando o trigo pelo joio ao nomear apenas um partido corrupto (de dezenas), apenas um ex-presidente que está sendo investigado (não é réu).
O Eduardo Cunha?
Roubou, sim, diz o povo, “mas será preso” no seu devido tempo.
A impassibilidade popular em relação ao Cunha pode ter relação com uma falsa crença do brasileiro, a de que quem “rouba, mas faz” é melhor do que quem não rouba e não faz. Paulo Maluf é o criador dessa ideia e Cunha, para ser justo com ele e injusto com o povo, roubou, mas está fazendo: está colocando a presidente para fora do poder.
Já a Dilma…”não rouba e não faz”, na concepção dos que querem a sua cabeça e estão enfrentando a crise no bolso.
Quem aguenta Dilma?
Para mostrar quem aguenta e defende (um pessoal numeroso e bem informado) um grupo de artistas se reuniu para fazer, de novo, um vídeo explicando o que é golpe.
Os fatos de 1964 (“militares combatendo os comunistas e a crise econômica”, no julgar dos ingênuos) não esclarecem muito. Principalmente porque os torturadores não foram presos (salvaram-se com a “anistia ampla, geral e irrestrita”, que usurparam para si) e essas páginas de história ainda não viraram páginas na história que se estuda na escola.
Então vamos assistir o vídeo dos que “não têm partido”, “têm muitas críticas a Dilma”, querem “reforma política para que acabem os esquemas de propina”, “querem que todos os corruptos sejam julgados e condenados”. Todos mesmo, sem exceção. Eu sou uma das pessoas que quer punição para todos e reforma política. Com Dilma.
Nota: A autora escreve em português do Brasil