…, é o resultado de erros sucessivos da política norte-americana, do mundo ocidental, dos patrocinadores milionários com interesses bem conhecidos da economia mundial.
Para encontrar eco dos seus actos junto às populações, estes exércitos do terror, recolhem apoio de populações pouco esclarecidas, de indivíduos muito marcados pela explicação religiosa das suas limitações culturais – mas não ficam por aí. Desafiam e mobilizam jovens cultos, escolarizados, que cresceram em sociedades laicas.
Dão-lhes a promoção do ego que as suas carências necessitam, munem-nos de forma a julgarem-se poderosos e fortes (uma arma na mão de um medíocre dá-lhe a sensação estonteante do poder), procurando – e conseguindo – preenchimentos de vazios que a nossa pobre sociedade ocidental em declínio foi criando à medida que os séculos se somavam.
Com um novo objectivo de vida – a morte como passaporte para a glória – esses jovens são facilmente instrumentalizados, manipulados, postos ao serviço de causas.
Antes disso, a chamada Primavera Árabe, onda de manifestações e protestos (grandes protestos na Argélia, Bahrein, Djibuti, Iraque, Jordânia, Omã e Iémen e protestos menores no Kuwait, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Arábia Saudita, Sudão e Saara Ocidental) teve como cenário o Médio Oriente e o Norte da África (a partir de 18 de Dezembro de 2010).
Motivou revoluções na Tunísia e no Egipto, uma guerra civil na Líbia e na Síria e a inquietação dos regimes ocidentais (Inglaterra, França, América, que tinham os seus representantes no poder em alguns daqueles países), criando uma bola de neve histórica de que desconhecemos ainda todas as consequências previsíveis.
Os protestos desta Primavera Árabe (designação ao gosto de alguns jornalistas, já que não foi na Primavera, não ocorreu no continente arábico, e foi bem diferente de outras “Primaveras” da História) revelaram técnicas de resistência civil sofisticada e bem preparada, manifestadas em campanhas sustentadas (greves, manifestações, arruadas e comícios), bem como o uso da comunicação social, e das redes sociais como Facebook, Twitter e Youtube, para organizar, comunicar e sensibilizar a população e a comunidade internacional em face de tentativas de repressão e censura na Internet por partes dos Estados.
Qualquer cidadão ocidental, educado em valores de laicismo, de direitos humanos e de aquisições sociais apenas permitidas pela democracia concordou (concordaria, concorda) com quase todos os argumentos que estiveram no cerne desta Primavera.
Mas no século XXI, com o aproveitamento feito pelas frentes assassinas e pelos seus agentes, pode identificar-se o recorrente fenómeno da construção de bases interpretativas do mundo muçulmano, que visam a descrença na fé no Islão e a transformação das sociedades orientadas por esta crença.
Agindo em nome do Islão e falando de intenções religiosas, as frentes assassinas, que mais não são do que exércitos bem preparados de criminosos, assassinos de massas como quaisquer outros mas sem disfarces, têm conseguido que a opinião pública assimile mais do que a desconfiança, a culpabilização de um quinto da população mundial pelos actos de alguns milhares armados e à solta.
Há dias, li com prazer sorridente, uma opinião de quem se insurgia, de uma forma ingénua, contra os hábitos mantidos pelas comunidades islâmicas em países que não o são.
Falava-se do hábito de orar, em direcção a Meca, que implica a paragem de alguns minutos ao dia dos crentes– e que isso afectaria a produção laboral nos vários locais de emprego onde existem muçulmanos. Sabemos que isso, esse momento da oração dos muçulmanos, há séculos que é comum nos países de acolhimento. Impedir uma prática (sem consequências notáveis) desse tipo de hábito sagrado, seria equivalente a condenar ou a compensar os crentes das outras religiões (e os ateus, naturalmente), das inúmeras paragens no calendário, de dias inteiros, para se festejarem festas católicas que, em muitos casos, nada lhes dizem.
Chama-se a isso a distorção das mentalidades. Uma falsa questão. Que não está nem em causa nem na ordem das prioridades dos tempos que correm.
O Médio Oriente é uma região afro-asiática, consolidada através de questões culturais comuns, como o idioma e a religiosidade.
Todos os países do chamado Médio Oriente possuem como maior parte da sua população, aquela que é praticante do Islão, mas também apresentam outras manifestações religiosas. (O Líbano, só para dar um exemplo, tem um número significativo de cristãos).
O árabe, além de ser a língua religiosa, pois o Alcorão está escrito e deve ser lido e recitado em árabe, é o idioma mais utilizado na região. Ser árabe significa pertencer a um grupo linguístico (erradamente temos tendência a generalizar).
Nem todos os países do Médio Oriente falam exclusivamente o árabe. Nem todos os países do Islão falam o árabe como língua base. No Irão, por exemplo, grande parte da população que fala pársi, idioma do subgrupo das línguas iranianas , pertencente ao ramo indo-iraniano da grande família indo-europeia; tem, no entanto, o árabe como língua religiosa.
O Islão também divide os fiéis em grupos, de acordo com a opção de interpretação da fé. Podem ser sunitas (a maioria), xiitas e ismaelitas, pois, pouco depois do desaparecimento do Profeta, criaram-se várias denominações no Islão e…
Falarei disso…noutra altura.
[…] Source: Entre crentes e assassinos – Jornal Tornado […]