O aumento da natalidade é imperioso em Portugal para que haja pessoas mais novas a pagar-nos as reformas, já que nós estoirámos tudo em auto-estradas e salvamentos de amigos banqueiros. Por isso impõe-se que a geração que ainda tem trompas e escrotos cheios de vitalidade fabriquem pessoas que nos encham a velhice de descontos, para ocuparmos o nosso lugar entre os nababos.
A preocupação é tão mais grave que pode acontecer haver empregos e não haver portugueses para os ocupar. Se todos tivéssemos um bocadinho de Cristas em nós, íamos todos contentes, a rebolar nos fetos frolidos com bota de cano alto e samarra de pele de raposa, mas a maioria – ingrata – não vê senão o sexo em vez da reprodução.
Dantes, que era bom, as famílias tinham sete e dez filhos. Com a introdução do planeamento familiar e do hedonismo, acabou-se a reprodução em série. No tempo em que era tudo às escuras e se trouçava sem se ver, em colchão de sumauma ou no rebordo de cavalariça, o óvulo e o espermatozoide eram de raça lusitana. Cada tiro, cada melro. Agora, por causa do running e do empreendedorismo, decerto, os jovens portugueses acanham-se ou seguem os preceitos nada cristãos e estamos aqui na iminência de não haver portugueses que cheguem.
Há que tomar medidas. Primeiro, acabar com a electricidade a partir das onze da noite. Isto dará tempo, os três minutos habituais, para que os casais se vejam sem nada para fazer, pousem os tablets e os telemóveis, apaguem a TV e pimba. Ao fim de um mês não havia obstetra ou maternidade com vagas.
Depois, teremos que voltar ao esquema “uma sardinha para sete”, que podia ser entregue a Catarina Portas e aos seus amigos do comércio tradicional. Se em 1930 se alimentavam os putos com isto e caldo de unto, que diferença fará agora.
Problema ainda na duração do ensino: isto era pujante quando os putos faziam a quarta classe ou pouco liceu e depois iam trabalhar, para ajudar às contas da casa. O ensino devia ser obrigatório, vá, até ao sexto ano e, depois, estágios para todos.
Outra medida pela natalidade, que pode ser tomada já, é a inversão da crescente “liberdade e igualdade” da mulher. Desde que esta saiu de casa, como sustenta o Arroja, anda para aí a perder tempo nos empregos e não tem os cuidados normais para engravidar. Isto é: pensa que é independente e pode ter vida própria. Se assim for, nenhum marido consegue dominar através do medo, da coacção e do dinheiro e elas só estão disponíveis quando quiserem. Ao contrário do que mandava a Bíblia e o dr. Salazar.
Por fim, para que acabe este drama da falta de natalidade, pode dar-se o caso de legalizar a poligamia, voltar a instituir o pai anónimo e, até, se necessário for, retirar do mercado essas demoníacas coisas que são os instrumentos auxiliares do pecado, como a pílula, os dius, os preservativos (e, se calhar, os baldes), para que, mesmo que não queiram, os casais possam espalhar-se ao comprido.
Se a vida está tão boa, tão rica, tão cheia de facilidade e oportunidades, acusemos os nossos reprodutores de egoísmo e prepotência! Entreguemos-lhe dinheiro para que fo, perdão, se juntem à natalidade! Pode ser que percebam como se faz.