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Domingo, Novembro 24, 2024

Je Suis Mustafa do Kebab da Espátula

João Vasco AlmeidaUm grupo de putos estúpidos quis dar cabo da manhã do Mustafa do Kebab da Espátula. Bezanos e com a mania de que podiam tudo, atacaram Mustafá Kartal, dono do tasco.

Correu mal, porque o comerciante não é um português qualquer: é um português que tem uma espátula de cortar aquele monte de carne que não se sabe de onde vem e pimba, desatou a defender-se, para alegria e espanto dos putos.

Nisto, um dos idiotas, que trazia uma pistola, decidiu disparar para o chão. Repito: para o chão. Só este momento devia impedir o cidadão que tem a arma de andar na rua. Disparar para o chão chega a ser mais estúpido do que andar a chagar o Mustafa. Porque ou a bala fazia ricochete e ainda lhe tirava um bolso ou, pior, dava um tiro no pé, grato pela valentia do atirador.

Disparar para o chão – e perdoem se me centro nisto – faz parte da grande sapiência do criminoso imbecil. Traça o perfil de uma pessoa que não pode ter arma porque não sabe o que é. Um vídeo da Maple Grove Firearms, que pode ver aqui, explica bem a estupidez.

Mustafa levou ainda com um pontapé nas costas, em pleno voo de outro puto estúpido que se julgava o Son Goku (ou o Bruce Lee, para os mais velhos). Mas o português nascido no Curdistão e farto de ver idiotas na vida, não se ficou e fez uma tatuagem na carinha do voador.

A polícia, habituada a não se meter em rixas, apareceu depois para colher as orelhas e o rabo que o kebabista tivesse cortado em glória aos espontâneos.

Mustafa dá-lhe com a espátula
Mustafa dá-lhe com a espátula

No dia seguinte, o mundo tinha duas realidades.

A primeira a do homem do kebab, que abriu a loja normalmente e disse que o passado é passado, a vida continua, que ele quer é trabalhar para trazer a família para Lisboa.

A segunda realidade, a dos jornais e televisões, que dizem barbaridades como “Violência de Regresso a Lisboa”, “Arrastão Violento no Centro de Lisboa” e frases ainda mais estrondosas, como se centenas tivessem morto pessoas.

Os jornais e Tvs são como o outro rapaz: não sabem que é proibido disparar para o chão. Sob pena de serem Pedro e, quando vier o lobo, já ninguém ligar. É que todos os dias há porrada nas tascas e cafés, um ou outro gajo passa-se e empurra os clientes, estes bêbados não percebem e gritam: “A tua mulher é uma porca e tu és um…”, enquanto cambaleiam em direcção ao primeiro cidadão e bradam: “Dá-me um cigarro dos teus…”.

Conclusão: Vou comer um kebab ao Mustafa. E os jornalistas que frequentem mais tascas e menos lofts, ou lounges, ou looms, ou como é que se chamam essas cenas onde vão esconder-se do mundo.

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