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Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Suíça: sucesso espectacular da direita anti-imigração nas legislativas

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O partido suíço populista União Democrática do Centro (UDC), opositor firme da imigração e anti-União Europeia, conseguiu nas eleições parlamentares de domingo um sucesso espectacular.

Os Suíços deram uma vitória de peso à direita populista e já receberam os parabéns da líder do partido de extrema-direita francês Frente Nacional, Marine Le Pen.

Com quase um terço dos lugares no Conselho Nacional, de acordo com os resultados finais, a UDC impôs-se como o20151019 NRP 1 maior partido na Confederação Suíça. A cena política suíça faz o que pode para disfarçar o susto – afinal ninguém contava realmente com este sucesso. A direita populista vai necessitar de um parceiro de confiança e já olha para a outra formação de direita, o Partido Liberal Radical (PLR) – juntos, têm 44% dos lugares. Esta aproximação foi aliás já sugerida pelo vice-presidente da UDC, Luzi Stamm.

A União Democrática do Centro cresceu 11 assentos, conseguindo um total de 65 dos 200 representantes na câmara baixa do parlamento, acima do seu melhor resultado de 2007 (62 eleitos), recuperando em força dos 54 conquistados nas últimas legislativas de 2001. O centro perdeu 8 mandatos e o Partido Socialista (PS), segunda formação do país, perdeu três assentos com 43 eleitos.

Viragem à Direita

Esta viragem à direita faz-se fundamentalmente em detrimento dos pequenos partidos de centro (menos 3 lugares) e das duas principais formações ecologistas, que perderam um total de 9 lugares. Em Lucerna, a direita populista torna-se a primeira força política, destronando os moderados do PDC (Democracia-Cristã).

A UDC usou como lema de campanha “Permanecer livres”, jogando bem o feitiço sobre as fobias suíças. É um trabalho que tem sido consolidado nas campanhas anteriores, com cartazes que reforçam sem rodeios o medo dos suíços de perder o seu pequeno cantinho de paraíso com a invasão dos “bárbaros”. O cartaz mais radical da campanha  foi o dos jovens da UDC do Cantão de Vaud, que mostrava a caricatura de um jihadista com a bandeira estrelada da UE em pano de fundo, que se prepara para decapitar uma jovem loira amordaçada e vestida com a bandeira suíça, tudo rotulado de “Guarda a cabeça no lugar, vota UDC”.

12177874_1039972122702141_766798032_nA direita populista já tinha surpreendido em Fevereiro de 2014, com o sucesso do referendo contra a “imigração em massa”, que queria impor quotas aos cada vez mais numerosos cidadãos da UE que procuram trabalho na Suíça. Alarmada, a UE ameaçou romper todos os acordos bilaterais com Berna se a livre circulação fosse suprimida e o governo tem até 2017 para encontrar uma solução.

Uma sondagem do instituto gfs.bern revelava recentemente que quase para cerca de metade dos cidadãos suíços (48%) as questões de asilo e imigração são a “primeira prioridade”, muito à frente das relações com a UE.

A UDC, que tem uma pasta ministerial no governo, pediu já mais destaque no novo executivo, que será eleito dia 9 de Dezembro pelo parlamento (o sistema multipartidário suíço permite que cinco partidos partilhem entre eles as sete pastas do governo).

Para o Conselho dos Estados, a câmara alta do parlamento eleito por maioria de votos individualmente, apenas 27 dos 46 lugares foram preenchidos e uma segunda ronda terá lugar em Novembro.

Editor de Internacional 

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