Em defesa do pivô da RTP José Rodrigues dos Santos, que abriu o Telejornal de segunda-feira aos berros por causa do valor da dívida pública!
Num gráfico que era mostrado, o Zé dizia “(…)De tal modo que no mês passado a dívida pública portuguesa atingiu os 233 mil milhões de euros, um valor que deverá rondar os 130 por cento do PIB(…)”.
Digo “aos berros” mas isso já é normal no Zé. Desculpem lá o pleonasmo.
Há bocado, quando publiquei a crónica, sustentei que o Zé vinha a dizer que a dívida ia subindo em percentagem. Era mentira. Falou sim dos valores em euros: 61 mil milhões, depois os 96, ainda os 185 e, depois… 0s 233!
O caos desta peça está em não distinguir as percentagens dos valores absolutos e não reflectir o esforço dos portugueses, apesar das regras terem mudado a meio do jogo.
O problema é que não se pode comparar o incomparável. Ou se mostra a dívida de antes com todo o perímetro ou se mostra depois com o critério inicial. Senão, não é um gráfico: é um boneco.
O PS indignou-se com o José e os laranjinhas vieram defendê-lo. A reacção é ainda pior que a pastelada mentirosa apresentada pela RTP.
Quem devia estar aos berros com o homem dos romances de cordel era o PSD e o CDS, pois o boneco sobe durante o mandato da coligação. Em vez de andarem a rir-se e a dizer que o governo do PS está a estragar tudo, deviam estar a reciclar livros em Chelas, frente à RTP.
O PS, pelo contrário, devia comendar Rodrigues dos Santos com a faixa de Grão-Mestre dos Gráficos Tangosos, e agradecer pela demonstração plena de que o Executivo do PAF foi um crime para o país.
Isto é, o PS bem podia aproveitar a estupidez pegada do não-jornalismo e, ao mesmo tempo, bater em Passos e no Zé.
Mas não. Indignaram-se.
Porque zero é o grau de rigor jornalístico que a peça da RTP mostrou. Ou tudo, ou nada.