Sanders não desiste da corrida; presidente Barack Obama faz humor com candidatos
O senador do Vermont, Bernie Sanders admitiu que tem “muito para andar” mas não desiste de conquistar a nomeação do Partido Democrata para concorrer ao cargo de presidente dos EUA.
Sanders revelou numa conferência de imprensa esta semana que vai marcar presença em vários comícios no estado da Califórnia, renovando os apelos aos super-delegados do partido para mudarem as suas opções antes da convenção nacional, que será neste Verão.
O candidato terá de vencer por 65% dos mais de mil delegados que faltam antes da convenção partidária. Apesar da dificuldade da tarefa, Sanders afirmou que “não é uma montanha difícil de subir e pretendemos lutar por cada voto e por cada delegado que resta”, frisou.
Acerca da rival, Hillary Clinton, Sanders disse que “é-lhe impossível alcançar a maioria dos delegados em Junho, quando decorrerem as últimas primárias”. O senador acredita que a convenção será “uma disputa renhida”, mesmo com Clinton descontraída após uma série de vitórias confortáveis.
Os dois pré-candidatos à Casa Branca foram mencionados por Barack Obama, presidente em funções, no jantar anual dos Correspondentes da Casa Branca. Obama cumpriu a tradição de comentar a actualidade política com humor e ironia, e disse que “Hillary tenta apelar ao voto jovem é um pouco como o vosso parente que acabou de criar uma página de Facebook”, e imitando Clinton num tom jocoso, acrescentou: “Querida América, viste o meu toque? Aparece no teu mural? Não sei se estou a fazer isto bem. Com amor, Tia Hillary”.
Mas Sanders, que marcou presença no evento, não escapou às piadas do presidente: “Bernie, tens cara de um milhão de dólares, ou para dizê-lo de forma que percebas, tens cara de 37 mil doações de 37 dólares cada”, perante as gargalhadas dos presentes, Sanders incluído. “Estou magoado contigo, Bernie, andas a distanciar-te um bocado de mim; não é coisa que se faça a um camarada”, provocando nova onda de gargalhadas e aplausos.
Primárias do estado do Indiana: resultados marcam volte-face na corrida
Bernie Sanders (Partido Democrata) e Donald Trump (Partido Republicano) venceram as primárias do estado do Indiana, na passada terça-feira. Sanders conquistou 52,5% dos votos (contra os 47,5% de Hillary Clinton) e Trump venceu por 53,3%, superando Ted Cruz (36,6%) e John Kasich (7,6%).
O senador do Vermont conseguiu assim alguma vantagem sobre a antiga primeira-dama, porém, Clinton ainda tem uma larga margem de manobra: um número muito superior de delegados, à medida que se aproxima a convenção nacional do partido que vai nomear o candidato à Casa Branca. Apesar de tal escolha ainda não estar assegurada, a também ex-senadora de Nova York está cada vez mais próxima.
Por sua vez, Trump tornou-se “o nomeado de facto” do Partido Republicano, com a vitória nestas primárias. Um representante do Partido, Reince Priebus, chegou mesmo a apelar a todos os republicanos para se unirem em torno do empresário.
Ao discursar perante os seus apoiantes no comício da vitória, Trump fez inesperados elogios a Ted Cruz, senador texano: “não sei se ele gosta ou não de mim, mas é um bom adversário. É um tipo duro, inteligente. E tem um futuro espectacular”.
Momentos antes, Cruz tinha anunciado a desistência da corrida: “deixámos tudo no campo em Indiana. Demos tudo o que tínhamos, mas os eleitores escolheram outro caminho. Por isso suspendemos a nossa campanha”, anunciou aos seus apoiantes.
Por sua vez, na quarta-feira, o governador do Ohio, John Kasich, que tinha prometido manter-se na corrida, depois de manter uma campanha onde se distanciava do duelo entre Trump e Cruz, decidiu desistir. Duas fontes próximas do político, afirmaram que “o candidato republicano mais moderado foi derrotado por uma margem esmagadora pelo empresário e apresentador de reality shows. Nunca chegou a ombrear com o senador texano como alternativa a Trump, e apesar do acordo com Cruz para tentar travar a onda de vitórias do empresário, não o conseguiu”.
Obama fala sobre Trump
O presidente dos EUA, Barack Obama, falou esta sexta-feira numa conferência de imprensa sobre a campanha de Donald Trump. “Este é um cargo mesmo sério, isto não é entretenimento nem um reality show. Isto é uma disputa para a presidência dos EUA. Qualquer candidato, qualquer nomeado tem de ser sujeito a standards exigentes e a um escrutínio verdadeiro”, frisou.
“Ele tem um longo historial que tem de ser analisado”, insistiu. “Quaisquer candidatos cujas declarações possam “ameaçar guerra” ou ter o “potencial para invalidar as nossas relações cruciais com outros países têm de ser escrupulosamente examinados”. Apesar deste alerta, Obama teve um momento de humor ao comentar, irónico, que “regra geral, não costumo prestar atenção aos tweets do Sr. Trump”.
“As mulheres republicanas, eleitoras, vão ter de decidir: é este o homem com quem me sinto confortável em que me represente e ao que me importa?”, questionou Obama. O ainda chefe de Estado mostrou preocupação pela cobertura mediática das primárias, que no seu entender enfatizou “o espectáculo e o circo” em vez de assuntos sérios do país.
Obama irá ter “uma presença vigorosa” na campanha para a eleição, deram a entender membros da sua equipa.
Fontes: The Guardian / New York Times / Washington Post