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Quarta-feira, Dezembro 25, 2024

O azedume é nosso, dr. Passos: dos pobres

João Vasco AlmeidaO azedume de Passos Coelho despreza o que os pobres sofreram durante o mandato que o visionário ressabiado liderou. Esta semana Carlos Farinha Rodrigues, professor auxiliar no ISEG, demonstra num estudo que os mais ricos perderam oito por cento dos rendimentos contra 24 por cento dos pobres, durante a obra magnífica do PSD/CDS.

Passos está com a birra, os pobres que ele liderou estão com fome. Segundo o investigador, citado pela TSF, “O balanço social deste processo de ajustamento é , quase que poderíamos dizer, trágico. Regredimos em termos de indicadores de pobreza e exclusão social praticamente para o ínicio do século”.

Isto não é coisa leve, se percebermos que quase 40 por cento (três milhões) dos portugueses está, consistentemente no fio da lâmina da linha da pobreza.

Não lhe toca a si? Se calhar toca. Basta andar ó-tio-ó-tio antes do fim do mês, receber cartinhas com prestações e contas em atraso, reduzir na alimentação, preferir para o tabaco em vez de para o almoço.

Passos podia ter vergonha mas, ao nível de Sócrates, tem a memória selectiva dos Narcisos. Quem tem 500 e perde 125 fica com 375, o que é um desastre. Quem tem 10 mil e perde 800 fica com 9.200, o que é apenas uma maçada.

É isto que Passos não percebe. Ou melhor, percebe, mas para ele e para algum PSD os pobres só o são no acto protestantista dos ricos serem escolhidos por deus.

Estamos ainda pior. Diz o ISCTE: “Portugal é o segundo país com maior nível de desigualdade na U.E., apenas suplantado pela Letónia”, lê-se na página do Observatório das Desigualdades.

"Não me posso rir que fique feie"
“Não me posso rir que fique feie”

Se a esquerda parlamentar quiser, atira-se a estas questões fracturantes. Porque estas é que são as verdadeiras diferenças entre a visão de esquerda e direita sobre a sociedade.

Há quem defende que já não há esquerda e direita. Mas há, pode é haver quem seja da “esquerda não praticante”. O que se assoma imediatamente urgente é o combate sem tréguas à desigualdade, nivelando pelo meio.

Numa frase: é preciso acabar com os ricos e com os pobres. O velho axioma de gozo urbano com Otelo já não faz sentido. A sociedade não deve escolher só ricos ou só pobres. Deve tentar nivelar para que todos possam ter o que precisam. Não é a luta de classes nem os actos benfazejos aos poderosos. É a igualdade, estúpido.

(Estúpido não era para Passos, mas que ele não entendeu, pois que não).

Esperemos que Costa perceba a tempo.

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