A austeridade regressa em Setembro, depois de Espanha ter governo e Portugal estar à beira de novo orçamento.
Para a União Europeia nada existe a não ser um grupo de tabelas de Excel.
Com o tecido empresarial em cacos e o desemprego a aumentar, por conta da contabilização das pessoas que estavam a deprimir a ver o Goucha e voltaram a inscrever-se no Centro de Emprego, Portugal tem um caminho tramado.
Este ano Bruxelas quer mais 700 milhões em caixa e, em 2020, daqui a três anos e meio, temos de poupar ainda mais 2,2 mil milhões – senão a União Europeia zanga-se e dá tau-tau.
A Europa está cega. Não temos a mínima hipótese de cumprir o que pede. Cortar a eito na despesa pública não chega, como não chegará subir o IVA para 25 por cento ou carregar ainda mais no tabaco e na gasolina.
Claro que se pode ir pela privatização da água e do ar, das praias e das montanhas, das estradas e da educação, mas tudo isso não chegará: quem tem dinheiro para comprar o que resta paga impostos noutro planeta. Não deixará tusto em Portugal.
Além do mais, o Governo trabalha com previsões que se dizem “optimistas”, isto é, Costa acredita que os portugueses ainda terão força e alegria para, mais dois ou três anos, aplicarem-se numa arrancada da economia que faça isto dar lucro.
Mas os portugueses estão estoirados. Zangados. Não suportam mais esta conversa do incentivo sem olharem para a vida com alegria e descanso.
Há para aí uns idiotas, claro, que se safaram na vida e compraram aqueles carros tipo-jeep, mas em versão Barbie, que parecem filhos de um UMM com um Fiat, apitam nas filas paradas e ultrapassam pela direita. Mas esses, na maioria, votam do outro lado, não no PS, PCP ou BE. É das estatísticas.
O que a UE quer é excedente orçamental de 0,4% do PIB em 2020. Lucro, o país destruído e privatizado dará lucro, querem eles. Eu estou de acordo, devemos ter mais riqueza. Mas perguntai a qualquer empresário se é sem crédito, sem investimento e sem vendas que se dá lucro.
A UE nem o capitalismo percebe, desconfia-se.