Num relatório a que o jornal Liberation teve acesso, a Inspecção Geral dos Assuntos de Saúde (IGAS) critica a Bial e a Biotrial, pela falta de prudência na administração das doses e pela demora na reacção ao internamento de um dos voluntários dos testes farmacêuticos desenvolvidos pelo Laboratório.
A crítica foi feita em tom severo acusando ambas as entidades de ocultaram situações indesejáveis e factos novos graves que não permitiram a informação atempada das autoridades de saúde.
A IGAS aponta ainda falhas graves: a ausência de pesquisa de informação, em tempo útil, da evolução da situação do primeiro voluntário internado e a não suspensão da administração do fármaco aos restantes voluntários logo no dia seguinte.
No dia seguinte, doze horas após o internamento do voluntário, todos os outros receberam a sua dose. Para além disso, e também considerado muito grave, foi o facto da Biotrial não ter informado os restantes voluntários da situação de internamento faltando à sua obrigação de protecção dos mesmos.
Outro dever não respeitado foi o de informação imediata às autoridades de saúde competentes. De forma a permitir a adopção de medidas de segurança para salvaguarda dos outros voluntários.Na realidade, estas foram apenas informadas na 5ª-feira seguinte, ou seja, 72 horas após a ocorrência.
Por último, a IGAS acusa a Biotrial de não ter, após suspensão do ensaio, adoptado procedimentos de análise dos restantes voluntários no plano neurológico.