Jerónimo de Sousa foi a terras alentejanas participar na tradicional romagem ao cemitério de Baleizão, em homenagem a Catarina Eufémia, onde considerou a Reforma Agrária, como a “epopeia criadora, em que pela primeira vez na história do nosso país, os trabalhadores tomaram a decisão de tomar as terras do latifúndio e com elas nas suas próprias mãos o seu destino”.
O líder dos comunistas portugueses, no entanto, afirmou que a Reforma Agrária “foi sufocada e destruída e o latifúndio restaurado por um poder político que a partir de 1976, tomou o partido dos senhores da terra, dos grandes latifundiários que colocaram o Alentejo a ferro e fogo, trazendo novamente ao Alentejo as terras abandonadas, a desertificação e o desemprego”.
Jerónimo de Sousa voltou a defender que, 40 anos após a promulgação da Constituição da República, a Reforma Agrária “é um projecto de futuro e necessário e que mantém toda a actualidade como parte integrante do processo de desenvolvimento do Alentejo. Um projecto que não abandonaremos e pelo qual continuaremos a lutar. Uma Reforma Agrária que, cumprindo a lei fundamental do país, liquide a propriedade latifundiária! Um sonho de gerações que um dia, estamos certos, será concretizado”, disse o secretário-geral do PCP.
Durante o seu discurso, Jerónimo de Sousa defendeu ainda que “não há argumento” ou “forma enviesada” que possa impedir a reposição, a 1 de Julho, do horário de trabalho das 35 horas semanais na função pública.
Recorde-se que, foi no dia 19 de Maio de 1954, que morreu Catarina Efigénia Sabino Eufémia, quando protestava contra a miséria no Alentejo, assassinada a tiro por um tenente da GNR. Catarina Eufémia é um ícone da resistência contra o fascismo salazarista.