Jornalistas, políticos e padres têm nota negativa. No fundo da tabela está a… justiça, a instituição de Estado em que o grau de confiança dos Portugueses tende para zero.
Políticos e padres ficam neste retrato pior que os jornalistas. Mas os piores de todos são mesmo os senhores da “justiça”.
A Assembleia da República e a Igreja Católica estão, portanto, ainda pior que os media, enquanto a “lanterna vermelha” está nas mãos de juízes e companhia.
Os resultados são de um estudo realizado para Jornal de Negócios e Correio da Manhã, nos dias 6, 7 e 8 de Maio deste ano (2016).
O estudo pedia aos inquiridos para avaliarem oito “items” (7 instituições e o grupo “amigos e conhecidos”) com um grau de confiança entre grande, médio ou pequeno. Com base nas respostas, foi construído um índice de confiança numa escala de 0 a 20.
Os inquiridos apontam o grupo “amigos e conhecidos” como aquele em que mais confiam, com 15,1 de índice de confiança.
À frente das “instituições”, estão as Forças Armadas, com um índice de 13,4.
Logo depois, ainda com nota positiva (12,6), as escolas e os professores.
Já com nota negativa, comunicação social e jornalistas ocupam a quarta posição (9,8). Seguem-se o Governo (8,7), a Igreja Católica e os padres (8,2) e a Assembleia da República e seus deputados (7,9).
Bem mais abaixo e na última posição estão os tribunais e a justiça, com um índice de confiança de apenas 6.
A “justiça” é remetido pelos Portugueses para o fundo da tabela e “consegue” fazer muito pior que políticos, padres e jornalistas. É obra!
Note-se que, das sete instituições em avaliação, cinco têm nota negativa (a “Justiça” é a pior…), sendo que apenas duas obtêm nota positiva (Educação e Forças Armadas) e apenas uma alcança um “bom”: as Forças Armadas.
Assim vêem os Portugueses o mundo em que vivem e o Estado que têm. Daqui que, como outros estudos já tinham mostrado, estejam muito insatisfeitos com a democracia existente e também não confiem na Europa.
72% dos Portugueses não confia nos bancos e 71% não confia na União Europeia, como mostra um estudo de 2015, das Selecções do Reader’s Digest.
Já em 2014, outro estudo, “Significados e Avaliações da Democracia”, coordenado pelos politólogos Pedro Magalhães e Marina Costa Lobo, concluía que os Portugueses não gostam da democracia que têm.
E situam os maiores défices democráticos “no domínio do funcionamento dos tribunais, na capacidade de os governos assegurarem justiça social e num sentimento de falta de controlo popular do poder político (governos que não explicam as suas decisões aos eleitores e insuficientes mecanismos de democracia directa)”.
Enfim, números sobre os quais os próprios visados e, sobretudo, decisores, políticos, estadistas (se ainda os há…) e estrategistas têm todo o interesse e conveniência em meditar. Com alguma inteligência, claro.