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João de Sousa

Quinta-feira, Novembro 21, 2024

Quanto custa uma campanha presidencial?

Por esta altura, os já assumidos candidatos à sucessão de Cavaco Silva andam, seguramente, muito ocupados. A elaborar os programas que vão apresentar aos portugueses e, ao mesmo tempo, a tentarem conseguir visibilidade pública. Mas, sobretudo, a prepararem a máquina que lhes há-de arranjar o dinheiro necessário para levar a cabo uma campanha deste género.

E é necessário, mesmo, muito dinheiro. Olhando para as últimas presidenciais, as de 2011, que tiveram seis candidatos, verificamos que custaram quase cinco milhões de euros (mais concretamente, 4.856.718 euros). A candidatura mais cara foi a de Cavaco Silva que precisou de, praticamente, 1,8 milhões de euros para conseguir a sua reeleição, com 2 231 956 votos.

Na segunda posição, quer em número de votos, quer de gastos, ficou Manuel Alegre, que investiu 1,7 milhões de euros para obter o apoio de 831.838 portugueses. A grande surpresa das presidenciais foi o independente Fernando Nobre, que ficou em terceiro lugar, com 593.021 votos e gastos de 862 mil euros.

A despesa da campanha de Francisco Lopes, candidato apoiado pelo PCP, foi de 634 mil euros. A de Defensor Moura custou 250 mil euros e a mais barata foi a do madeirense José Manuel Coelho, que apenas precisou de 11.900 euros.

Fazendo a relação entre os gastos e os votos obtidos, verificamos que os votos mais ‘baratos’ foram do candidato madeirense José Manuel Coelho (apenas 6 cêntimos por cada) e os mais caros foram os de Defensor Moura (3,73 euros). Cada voto obtido por Francisco Lopes e Manuel Alegre ficou por pouco mais de 2 euros. Fernando Nobre precisou de investir 1,45 euro por ‘cabeça’ e Cavaco Silva apenas 80 cêntimos.

Uma campanha deste género tem, essencialmente, três fontes de financiamento: a privada, dos apoiantes de cada candidato; a dos partidos que apoiam alguns dos candidatos e a pública, através de uma subvenção estatal, que é atribuída a cada candidatura, em função do número de votos conseguidos.

Nas eleições de 2011, o financiamento privado foi de pouco mais de 1,9 milhões de euros. Os apoios atribuídos por partidos políticos foram de 501 mil euros e a parcela maior veio directamente dos cofres públicos, através de subvenções, que totalizaram 2,4 milhões de euros. Apesar de serem verbas substanciais, acabaram por não chegar para as necessidades, uma vez que as despesas totais foram superiores às receitas. O saldo final negativo foi de 422 mil euros, quase por completo devido à campanha de Manuel Alegre, que não conseguiu a subvenção estatal prevista, pois o número de votos obtido ficou muito aquém do esperado.

E para onde vai esse dinheiro? Onde é que os candidatos o gastam? Uma parte serve para financiar a realização de comícios e espectáculos (1,4 milhões, nas eleições de 2011), outra vai para os designados custos administrativos e operacionais (1,3 milhões) e a terceira fatia maior para custos relacionados com propaganda e comunicação impressa e digital (933 mil euros). A isto, ainda há a somar o que se gasta na concepção das campanhas, estudos de mercado, brindes, cartazes e outro tipo de estruturas e actividades.

Nestas eleições, para já, o único candidato que revelou quanto tenciona gastar foi Paulo Morais que, em recente intervenção em Lagoa, garantiu que o máximo que tem previsto é 200 mil euros, obtidos através de doações que, no máximo, poderão ir até aos 100 euros por pessoa.

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