Na passada semana, circularam, nas redes sociais, várias manifestações de indignação perante um anúncio de uma empresa de eventos que oferece entre outros “entretenimentos”, arremesso de anões, bowling com anões e striptease com anões.
As críticas na página no facebook da empresa em questão não se fizeram esperar. A ME alega que apenas contrata uma pessoa adulta com nanismo que voluntariamente se ofereceu para este trabalho que é pago.
A Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes – CNOD, organização que integra 38 associações de pessoas com deficiência, em conjunto com a Associação Nacional de Displasias Ósseas – ANDO Portugal, informou os OCS que “denuncia e repudia os serviços oferecidos pela empresa Mundial Eventos que incluem o arremesso de anões, bowling com anões e striptease com anões.”
No seu comunicado lê-se, ainda “Esta prática que configura um profundo retrocesso, que promove a humilhação, que atenta contra a dignidade humana e que viola os direitos das pessoas com deficiência foi já proibida noutros países e mereceu a condenação da ONU. Nestas actividades, a pessoa com nanismo é contratada com o único objectivo de ser alvo de gozo. É um objecto para ser arremessado em provas de distância ou para ser lançado contra pinos de bowling. É o regresso aos tempos em que serviam de bobos da corte e em que eram figuras de atracção nas feiras.”
“As pessoas com nanismo como as demais pessoas com deficiência têm direitos que devem ser respeitados. A Constituição da República Portuguesa, a legislação e a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência são claras no combate à exclusão, ao preconceito e na defesa da dignidade humana.
Nesse sentido, faremos chegar a nossa posição à Assembleia da República”, termina.
Face os números do desemprego e da precariedade, às dificuldades que a maioria das pessoas com deficiência têm para se integrarem na sociedade, é desprezível permitir que um salário se sobreponha aos limites da dignidade humana. Não está em causa a liberdade de se deixar arremessar e ser objecto de chacota. Está em causa permitir que na nossa sociedade haja caminho para promover o preconceito e a humilhação como forma de divertimento.