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Sexta-feira, Abril 18, 2025

Empresa propõe “divertimento” humilhante

Na passada semana, circularam, nas redes sociais, várias manifestações de indignação perante um anúncio de uma empresa de eventos que oferece entre outros “entretenimentos”, arremesso de anões, bowling com anões e striptease com anões.

As críticas na página no facebook da empresa em questão não se fizeram esperar. A ME alega que apenas contrata uma pessoa adulta com nanismo que voluntariamente se ofereceu para este trabalho que é pago.

A Confederação Nacional dos Organismos de Deficientes – CNOD, organização que integra 38 associações de pessoas com deficiência, em conjunto com a Associação Nacional de Displasias Ósseas – ANDO Portugal, informou os OCS que “denuncia e repudia os serviços oferecidos pela empresa Mundial Eventos que incluem o arremesso de anões, bowling com anões e striptease com anões.”

No seu comunicado lê-se, ainda “Esta prática que configura um profundo retrocesso, que promove a humilhação, que atenta contra a dignidade humana e que viola os direitos das pessoas com deficiência foi já proibida noutros países e mereceu a condenação da ONU. Nestas actividades, a pessoa com nanismo é contratada com o único objectivo de ser alvo de gozo. É um objecto para ser arremessado em provas de distância ou para ser lançado contra pinos de bowling. É o regresso aos tempos em que serviam de bobos da corte e em que eram figuras de atracção nas feiras.”

“As pessoas com nanismo como as demais pessoas com deficiência têm direitos que devem ser respeitados. A Constituição da República Portuguesa, a legislação e a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência são claras no combate à exclusão, ao preconceito e na defesa da dignidade humana.

Nesse sentido, faremos chegar a nossa posição à Assembleia da República”, termina.

striptease-anao

 

Face os números do desemprego e da precariedade, às dificuldades que a maioria das pessoas com deficiência têm para se integrarem na sociedade, é desprezível permitir que um salário se sobreponha aos limites da dignidade humana. Não está em causa a liberdade de se deixar arremessar e ser objecto de chacota. Está em causa permitir que na nossa sociedade haja caminho para promover o preconceito e a humilhação como forma de divertimento.

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