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Sábado, Dezembro 21, 2024

“Homofobia é construída desde a infância”

Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil
Em 2015, no Brasil, foram registadas 318 mortes de gays, travestis, lésbicas, bissexuais e transexuais | Foto: António Cruz / Agência Brasil

O Brasil lidera o ranking mundial de assassinatos a homossexuais.

“O principal motivo para os crimes é o ódio ao diferente”, afirma a psicóloga Grazielle Tagliamento, que integra a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (Brasil).

“Justamente por conta dessa padronização da heterossexualidade na sociedade, que é uma construção social, os espaços jurídicos, políticos e religiosos colocam como anormal o desvio desse padrão. A partir do momento que eu considero todas as orientações sexuais parte do padrão, qual espaço que sobra para o campo de poder? Já que a heterossexualidade faz parte de um campo de poder na sociedade, e perdê-lo acaba incomodando as pessoas e traz reacções. Dependendo dos discursos na sociedade, isso acaba impulsionando as pessoas a eliminarem esse diferente”, diz a psicóloga em entrevista à repórter Camila Salmazio, para a RBA.

Grazielle enfatiza que “a construção do preconceito se inicia na infância”. A psicóloga destaca a importância de debater as questões de género nas escolas. “Da mesma forma que vamos aprendendo a odiar esse diferente, nós temos cada vez mais de trabalhar dentro da educação familiar e escolar a desconstrução dessa versão. Nós não aprendemos a nos aproximar do diferente, mas, sim, a sentirmos aversão. Temos que discutir isso nas escolas, mas há uma reacção contrária para que não haja essa discussão, alimentando mais essas situações de intolerância.”

 

Nota da Edição

Grazielle Tagliamento, investigadora na USP (Universidade de São Paulo), é professora adjunta na Universidade Tuiuti do Paraná. Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2004). É mestre em Psicologia na área de concentração Práticas Sociais e Constituição do Sujeito, linha de pesquisa Saúde, Modos de Vida, Género, Gerações e Subjectividade do Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina. Doutora em Psicologia na área Psicologia Social, linha de pesquisa Psicologia Social, Saúde Colectiva e Política pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Constituição do Sujeito, Saúde e Diversidade sexual e de genero, actuando principalmente nos seguintes temas: políticas públicas, saúde pública e colectiva, dsts/aids, genero, população LGBT, juventudes, oficinas, paternidade, masculinidades e educação sexual

Fonte: Rádio Brasil Atual

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