Na verdade, só somos o animal mais inteligente do mundo baseados numa única razão. Termos sido nós a escolher os critérios dessa mesma classificação. Parece-me pouco, pensei…
O fim do mito da inteligência
Aceitar que (todos) somos apenas herdeiros cósmicos da Terra nunca será o caminho da inteligência. Por isso costumo afirmar que estamos muito perto do fim do último dos mitos: a inteligência.
E como acredito que temos mais a aprender com a natureza que com a civilização torna-se imprescindível regressar a casa, à linguagem do coração, a única que dá instruções ao cérebro, determinando o tipo de compostos químicos que irão ser libertados no nosso corpo. É… a ciência descobriu aquilo que todos já sabíamos, as emoções são resultado da natureza dos sinais enviados pelo coração ao cérebro. Que lugar ficará para a inteligência no meio disto tudo?
O coração ganhou, finalmente, a grande batalha
Mas, como poderemos ser os mais inteligentes quando não sabemos, ainda, o nosso próprio lugar neste planeta? A acrescentar a isso existe, hoje, a premente ameaça das máquinas de inteligência artificial. Onde é que, só, isso nos levará?
Pois é… relembro que os sinais enviados pelo coração ao cérebro geram aquilo a que chamamos o Estado de Coerência (psico-fisiológica). Certo é que quanto maior é a concordância entre o coração e o cérebro, maior é a nossa capacidade de mudar e, consequentemente, de agir em conformidade.
A respeito da necessária coragem de ser humano, Nietzsche diria “só quem tem por que viver pode suportar qualquer como”. A coerência é o nosso estado de vida natural, apenas nos perdemos algures. A inteligência terá ajudado a tal desatino, presumo…
O sucesso desta nova era da transição depende, em tudo, da forma como percepcionamos e aceitamos o “destino”. E o que será o destino,
perguntarão. O nosso melhor amigo. O único que nos acompanhará durante toda a vida. Parece-vos pouco? Vamos pensar mais nisso…
Provocação ou morte
Nos nossos dias muitos passaram a acreditar ser os únicos responsáveis pelo que eles próprios são, estranhamente não tanto pelo que fazem… Como se fosse possível separar-nos da condição humana. A crise do pensamento contemporâneo passa por isso mesmo.
Marshall McLuan avisou-nos, insistentemente, “Não há passageiros na nave espacial Terra; somos todos tripulação”. A minha filha Carlota, com apenas meia dúzia de anos, ensinou-me que ninguém pode ser deixado para trás. Isto aprendeu ela a propósito do significado de família num filme de Walt Disney. Somos todos um só e partilhamos (todos) um mesmo planeta. Temos que ser família que diabo, pensei. Assim sendo, herdeiros cósmicos, usufrutuários de tudo isto. Apenas nos faltará tempo para o aceitar.
O verdadeiro problema é, quanto a mim, não estarmos a ser honestos em relação a tudo isto. Esta é a pior das crises! A crise silenciosa em que todos colaboramos de uma ou outra forma. A mais estranha realidade em que alguma vez nos encontramos. Será isso privilégio ou condenação?
Por que desistimos de ser humanos?
Simples. Porque perdemos a capacidade de ser provocadores!
Isso foi algo que nos distanciou desde sempre dos restantes animais. Claro que fantasiar a respeito de nós próprios também ajudou à indiferença a que chegamos. Aliás, considero que este será o maior motivo de desentendimento quando pensamos no ser humano ante os restantes seres vivos. Refiro-me a um certo fantasiar que só aos humanos convém…
Recebi ensinamentos espirituais de um velho mestre que um dia me disse “a tua evolução exige a provocação; o que fazes nesse sentido?”.
Aprender a propósito da provocação é a maior das lições que se reclama a quem quer progredir. O que é muito claro para mim, neste momento, é que sem provocação não há mudança! Isto nas escolas, nas empresas, nas famílias,…
Faltará, então, imaginar um projecto planetário que nos devolva a esperança na forma de acção, agindo crítica e sensatamente, isto face à emergência de um novo mundo.