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Quarta-feira, Dezembro 25, 2024

A Chama da Paz mantém-se acesa em Hiroshima

Por decisão do então presidente dos EUA, Harry Truman, Hiroshima e Nagasaki foram as primeiras cidades do mundo a testemunhar o poder das armas nucleares. Ainda hoje, as sombras das vítimas jazem impressas nas paredes dessas cidades.

A primeira explosão de uma bomba atómica na história da humanidade aconteceu no dia 6 de Agosto de 1945, uma segunda-feira.

nuvem-bomba-plutonio-nagasakiA bomba foi lançada, pelo bombardeiro B-29, com o nome de Enola Gay, sobre o centro da cidade de Hiroshima às 8h15 da manhã. Com o horário de trabalho a iniciar-se às 8h00, muitas pessoas foram atingidas em fábricas e escritórios.

A bomba, baptizada pelos norte-americanos com o nome de Little Boy, continha 50 quilos de urânio 235, com potencial destrutivo equivalente a 15 mil toneladas de TNT. O calor libertado pela bomba foi de 100 calorias/cm² no grau zero, 56 calorias/cm² a 500 metros e 23 calorias/cm² a mil metros do centro da explosão.

Três dias depois, às 11h02 de 9 de Agosto, foi a vez de um outro bombardeiro B-29, o Bockscar atingir Nagasaki. O objectivo inicial do exército americano era lançar a bomba sobre Kokura, Fukuoka. Porém, o tempo nublado impediu que o piloto visualizasse a cidade, e decidiu-se pela segunda opção.

Nagasaki não era considerado um alvo ideal porque é rodeada por montanhas, o que diminuiria o poder destrutivo. A bomba, com o nome Fat Man, era de plutónio 239, com potência equivalente a 22 mil toneladas de TNT, ou seja, 1,5 vez mais potente que a bomba lançada sobre Hiroshima.

Como foi lançada de forma precipitada, sem ter um alvo definido, o centro da explosão ficou a 3 quilómetros do centro da cidade.

Em 1945, a população de Hiroshima era de 250 mil habitantes. Mais de 70 mil pessoas morreram em consequência da radiação, principalmente com cancro

Inaugurado em 1915 como Palácio das Indústrias de Hiroshima, o domo de Hiroshima faz parte de um prédio em estilo ocidental projectado pelo arquitecto checo Jan Letzel. A construção em estilo neo-barroco era muito popular na Alemanha e Áustria do final do século 19.

O prédio é uma das poucas construções que permaneceram em pé na região onde foi lançada a bomba atómica. Calcula-se que a parte central do prédio tenha ruído em menos de 1 segundo após a explosão, que ocorreu a 160 metros a leste do palácio, a uma altura de 580 metros do solo. A oeste fica a ponte Aioi, em forma de “T”, usada como alvo para o lançamento da bomba.

O domo permaneceu de pé porque foi atingido quase que verticalmente, evitando que as paredes laterais fossem seriamente danificadas. Como possuía várias janelas, a diferença de pressão do interior e exterior do prédio não foi muito grande – a diferença de pressão forçaria a parede, derrubando-o. Todas as pessoas que estavam no prédio tiveram morte imediata.

A população de Hiroshima passou a chamar às ruínas espontaneamente de “Domo da Bomba Atómica”.

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O Parque Memorial da Paz foi construído em torno do domo em 1955. Na década de 1960, devido ao seu mau estado de conservação, que poderia fazê-lo ruir, ponderou-se a sua demolição. Mas foi salvo pelo líder pacifista Ichiro Kawamoto, que se emocionou ao ler no diário de uma adolescente que morreu com leucemia, por causa da bomba atómica, que “aquele triste palácio deve denunciar às gerações futuras os horrores da bomba atómica”.

Em 1966 o município de Hiroshima decidiu preservar o edifício, de forma permanente. De três em três anos efectuam-se vistorias para evitar o desmoronamento.

O Domo da Bomba Atómica é considerado, desde 1996, Património da Humanidade da UNESCO. A par de construções como o Campo de Concentração de Auschwitz, na Polónia, e a ilha de Robben, na África do Sul (onde opositores do apartheid como Nelson Mandela foram presos), é preservado para nos lembrar o lado sombrio da história da humanidade.

A Chama da Paz em Hiroshima mantém-se acesa desde 1964 em honra das vítimas e será extinta apenas quando todas as armas nucleares forem removidas do mundo e a Terra estiver livre de ameaças nucleares.

Nota da Edição: Em Maio deste ano, o presidente Obama visitou o Japão e prestou homenagem às vítimas de Hiroshima sem ter apresentado um pedido de desculpas.

Fontes: Redacção/NB, História do Mundo

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