Na semana passada, os amigos aconselharam-me a ir ao médico.
– Conte carneiros! – Sugeriu-me como quem já nasceu contrariado.
Eu, que não consigo pregar olho e estou sempre em pulgas a pensar em tabernas ocasionais, nas danças das meias palavras, nalgumas troias e nalgumas helenas, acatei a noite passada o conselho do doutor.
Então fiz desfilar a carneirada que conheço…o Tó, o Zé, o Luisinho, o Passos Coelho, Martins, Pimentel, Negrão, Marco Costa, Nuno Melo, Carlitos, até a Nuninha, a Cristas, a Florbela , a Luísa que namora com um militar de baixa patente, a pequena Mimi que ainda há dias me disse que o seu quarto parecia o Estádio da Luz (????) o Miguel, oh, o Miguel, meu bom amigo Miguel que como homem é outra mulher, enfim, um rebanho imenso, como imagens que nunca mudam de lugar, nem de atitude, num estranho, perplexo e absurdo «deixa andar».
Já de madrugada sem me lembrar em quantos já ia, se nos mil, se nos três mil, recomecei a contagem e ia espetando-lhes agulhas, mas…nada.
Não se mexiam.
Hoje voltei ao consultório.
Perguntou-me:
-Então que tal?
-Dr. Não me dou com carneiros!