Não sabemos responder, infelizmente. Oxalá nunca tivesse acontecido em Aleppo nem em parte nenhuma!…
Entretanto, o jornalismo continua a prestar um serviço feito de imagens chocantes que se banalizam e rapidamente são esquecidas, em vez de informar com distanciamento crítico.
Os zelotas de uma pretensa “imparcialidade e objectividade” das notícias, instalados no conforto da sua ignorância, nem sequer dão pela perigosidade da sua atitude enviesada. A saber: desde o fim do Verão de 2015 que várias cidades de maioria curda no sudeste da Turquia foram arrasadas pela brutalidade de um exército que tortura e mata impiedosamente, procedendo como genocida.
Jornalismo solidário?
De acordo com relatórios da Human Rights Watch as cidades de Cizre e Nusaybin, entre outras, ficaram em ruínas. Não se ouviu uma nota nem uma palavra de solidariedade para as centenas de mulheres e crianças mortas, para os jornalistas e advogados assassinados, para os civis deixados morrer em caves, para o quase meio milhão de deslocados internos…
Agora, que chegou a hora de ripostar, temos dias seguidos de notícias acerca dos “terroristas” do PKK que destruíram esquadras de polícia e instalações militares com carros armadilhados. O PKK não visa alvos civis, ao contrário do exército turco, que tem cometido os crimes mais bárbaros e hediondos, por ódio aos curdos, aos alevis, aos cristãos (sim, as igrejas cristãs da Turquia têm vindo a ser confiscadas pelo estado), aos gregos… – enfim, a tudo o que não seja o fanatismo nacionalista que vimos em acção aquando da recente “tentativa de “golpe”.
Depois de ter destruido Bakur cedendo todo o apoio e facilidades aos terroristas do Daesh, Erdogan e os seus prosélitos fascistas devem estar contentes: hoje mesmo os bombardeiros de Assad atacaram Rojava.
Exige-se jornalismo sério, não umas conversas de “terroristas” do PKK e de “reivindicações de independência” que não existem. Para aqueles que não se lembram, Alan Kurd está sepultado em Rojava – a única fonte de esperança, de humanidade e de democracia na região.
Nota da Edição
Este vídeo, que muitos acreditam tratar-se de uma encenação, fabricada pelos auto-denominados “capacetes brancos” (neste momento propostos para o Nobel da Paz…), alegadamente financiados pela CIA, é bem possível que mais não seja que uma parte da campanha para denegrir a acção dos russos, os únicos que efectivamente têm obtido resultados no combate ao auto-proclamado estado islâmico.
João de Sousa e Francisco Oneto