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Sexta-feira, Novembro 1, 2024

“Leda e o Cisne”

Guilherme Antunes
Guilherme Antunes
Licenciado em História de Arte | UNL

leda-e-o-cisnePensa-se que a pintura original deste tema, atribuído a Leonardo da Vinci, terá desaparecido.

O grande intelectual italiano deixou vários desenhos e cópias que possibilitam, comparativamente, manter, num ou noutro caso, indícios (quase) seguros da paternidade da ideia feita obra.

Embora nesta época o tema da mitologia agradasse aos artistas, a Leonardo, o tema nunca o animou, percebendo-se mal esta sua opção a contragosto. Pela primeira e única vez, o pintor trabalha a temática mitológica e o nu artístico.

Leda, rainha de Esparta é seduzida por Zeus disfarçado de um garboso cisne, o malandrote. Ao tocar-lhe, a mulher fica grávida e dos dois ovos que fecunda nascem os gémeos Castor e Pólux, os famosos Dióscuros. Do seu real marido, Tíndaro, nascem Helena de Tróia e Clitemnestra.

A jovem é muito sensual e apresenta um corpo em “serpentinata”, o que dá às suas formas delicadas maior sedução. Os ovos referidos encontram-se aos seus pés e todas as crias voltam instintivamente os seus olhares para a progenitora.

Nota da Edição

leonardo-da-vinciLeonardo Da Vinci (1452-1519)

Considerado por muitos o mais versátil artista de que se tem notícia. Pintor, desenhista, escultor, arquitecto, astrónomo, além de engenheiro de guerra e engenheiro hidráulico entre outros ofícios, cuja mente será sempre objecto de admiração. Juntamente com Rafael e Michelangelo deram base ao Renascimento.

Desde criança as suas habilidades artísticas já eram notadas pelo pai que reuniu alguns de seus trabalhos e os encaminhou para a oficina de Andrea del Verrocchio (1435-1488), figura de grande importância no âmbito das artes e oficio da região. Leonardo com 14 anos de idade foi aceite na oficina de Verrocchio, passando a ser seu aprendiz. Logo, aos 20 anos, passou a compor a Corporação dos Pintores de Florença, nessa época já era admirado e aceite por outros artistas e intelectuais.

Em 1516, Francisco I, de França, convida-o para morar no Castelo de Clous.

Na oficina de Verrocchio, Leonardo aprendeu as técnicas da fundição e os seus segredos; a partir de modelos nus e vestes drapeadas, aprendeu a preparar quadros e esculturas; aprendeu a desenhar animais e plantas; teve uma base sólida na aprendizagem da perspectiva e do uso das cores.

Da Vinci foi um artista cuja genialidade despertou a curiosidade por quase tudo na natureza. Foi um dos primeiros a sondar os segredos do corpo humano e o desenvolvimento dos fetos no útero, dissecando cadáveres.

Observou o voo dos pássaros e insetos, o crescimento das plantas, as formas, sons e cores da natureza, que por sua vez, dariam base à sua arte. Além disso, dedicou-se a escrever da direita para esquerda de maneira que as suas anotações só poderiam ser lidas reflectidas no espelho e foi o inventor de uma técnica que os italianos chamaram de “sfumato”, que consistia em fazer com que uma forma se misturasse com outra por meio de contornos embaçados e cores suaves. Leonardo Da Vinci recusava-se a entregar uma encomenda de um quadro enquanto não estivesse satisfeito com ela.

Como inventor criou centenas de projectos de hidráulica, cosmologia, geologia, mecânica, música e audaciosos projectos de engenharia. Na década de 1960 em Madrid, descobriram-se mais de 700 páginas de desenhos sobre aviação, arquitectura e engenharia mecânica, datadas de 1491 a 1495. Muito embora a maioria de seus projectos nunca tenha saído do papel é inegável a sua contribuição para as ciências.

Entre as suas obras mais famosas estão Mona Lisa ou Gioconda (1503-1505) na qual fez uso da técnica do esfumado que havia criado, encontra-se atualmente no Museu do Louvre em Paris; e A última ceia (1495-1497), um mural representando Cristo e seus apóstolos encomendado pela Igreja de Santa Maria dele Grazie, em Milão. O facto de não ter assinado as suas obras, faz com que muitos de seus trabalhos ainda estejam perdidos, além disso, ganhou fama por deixar grande parte de suas obras inacabadas.

O Papa Leão X ao referindo-se a essa característica afirmou: “Da Vinci gosta mais do caminho que da chegada, mais do processo que do resultado.”

Da Vinci deixou vários manuscritos que mais tarde seriam reunidos no Tratado sobre a Pintura.

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