“Quase 2 milhões de pessoas em Aleppo estão novamente sem água corrente. Privar crianças de água coloca-as em risco de surtos de doenças e contribui para o sofrimento, o medo e o horror com o qual convivem as crianças de Aleppo todos os dias”, disse Hanaa Singer, a representante da Unicef na Síria ao jornal The Guardian.
“Na zona leste de Aleppo, a população terá que recorrer à água de poços, que está altamente contaminada. É crítico para a sobrevivência das crianças que todas as partes do conflito cessem os ataques à infraestrutura hídrica, permitam a reparação da estação de abastecimento de Bab al-Nayrab e activem novamente a estação de Suleiman al-Halabi”, afirmou ela.
As palavras de Hanaa Singer, proferidas no Sábado (24/09) surgem na sequência dos bombardeamentos aéreos na cidade de Aleppo, na Síria, que provocaram pelo menos 32 mortes e deixaram mais de 1,75 milhões de pessoas privadas de água corrente.
Os ataques de sexta-feira (23/09), na zona leste da cidade, impediram que fossem feitas as reparações na já danificada estação de abastecimento de Bab al-Nayrab, que fornece água potável para cerca de 250 mil pessoas, afirmou a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
Em retaliação, a estação de abastecimento da região oeste da cidade, Suleiman al Halabi, que fornece água para 1,5 milhões de pessoas, foi desactivada.
Desde meados do mês de Julho, forças do governo do presidente Bashar al-Assad cercam uma parte do leste de Aleppo, cuja região central está dominada pelas forças de oposição, e ocupam a região oeste. Segundo oficiais da oposição, os bombardeamentos de sexta e sábado — que atingiram o leste de Aleppo — foram realizados, na maioria, por aviões da Rússia, que apoiam Bashar al-Assad.
Países ocidentais e organizações internacionais de ajuda humanitária dizem temer pela vida de mais de 250 mil civis, os quais acreditam estarem encurralados.
Os ataques ocorreram após um acordo de cessar-fogo de sete dias organizado pelos EUA — que apoiam a oposição — e a Rússia ter sido rompido na segunda-feira (19/09). A intenção do acordo seria facilitar o envio de auxílio humanitário às regiões atingidas pelo conflito e realizar um ataque conjunto ao Estado Islâmico, que avança no nordeste do país.
O cessar-fogo foi quebrado após a coligação liderada pelos EUA ter provocado a morte de mais de 60 soldados sírios em um ataque aéreo . Logo em seguida, um comboio de auxílio foi atacado, matando pelo menos 20 pessoas — A Síria e a Rússia negaram envolvimento. Segundo os russos, “Os ataques permitiram a progressão no terreno das forças jihadistas”.
“Aleppo está a morrer lentamente enquanto o mundo assiste; a água está a ser cortada e bombardeada. Este é o mais recente acto de desumanidade”, disse o vice-director da Unicef, Justin Forsyth, à BBC.
Fonte: DS