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Domingo, Setembro 1, 2024

Nos campos de batalha da Síria

Carlos Narciso
Carlos Narciso
Jornalista

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Não tenho nenhuma dúvida de que o principal problema é a questão Síria. Aquilo que começou por ser aparentemente uma questão interna entre facções árabes tornou-se, em pouco tempo, no cenário mais quente da nova guerra fria entre as potências do costume: Estados Unidos e Rússia, com a China e a Europa e ajudar à festa…

O que se passa na Síria é comparável com o que se passou em Espanha durante a guerra civil (1936/1939), onde as potências militares da época se defrontaram, ensaiaram novas tácticas de guerra, experimentaram novo equipamento militar e prepararam a opinião pública para o holocausto que se seguiria na Segunda Guerra Mundial.

Também na Síria se passa mais ou menos a mesma coisa, com americanos e russos a testarem a força do inimigo. A Síria é um enorme exercício militar de fogo real, onde os diferentes campos observam as reacções adversárias e espiam as tecnologias do outro.

A guerra na Síria está cheia de acontecimentos estranhos, erros inverosímeis como foi aquele que provocou o quebrar do último cessar-fogo negociado a muito custo entre as partes envolvidas nos confrontos: um ataque da aviação norte-americana contra posições do exército sírio, com a desculpa de que julgavam estar a atacar posições de grupos extremistas islâmicos…

No dia em que um general russo ou americano quiser começar a Terceira Guerra Mundial basta “enganar-se” e ordenar um ataque contra uma posição do adversário directo… Estamos à mercê dos loucos.

Hoje sabemos que a guerra na Síria foi permitida porque interessava enfraquecer a aliança que tinha sido estabelecida com o Irão e que, em teoria, representava de imediato uma ameaça para Israel e, a prazo, uma eventual ameaça para o Ocidente e os Estados Unidos.

Portanto, destruiu-se um Estado, dissolve-se uma Nação, desintegra-se um povo em nome de esquemas geopolíticos, como se isto fosse um jogo virtual onde os cadáveres não cheiram a podre e as crianças não gritam de susto. Sabemos como tudo começou mas ninguém sabe dizer quais serão as consequências destas políticas no futuro. A guerra na Síria é, hoje, geradora de pulsões terroristas de potência incalculável e, com tempo, todos vamos sofrer com isso, não tenho dúvidas.

Tudo isto é cinismo, tudo isto é política, não se percebe como certas pessoas conseguem dormir à noite, sem assombrações nem remorso. Quero ver a diferença que, necessariamente, António Guterres vai fazer no meio de gente sem alma.

Nota do Director

As opiniões expressas nos artigos de Opinião apenas vinculam os respectivos autores e não reflectem necessariamente os pontos de vista da Redacção ou do Jornal.

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