Em recentes debates em Lisboa, Porto, Faro, Rio, São Paulo e Salvador, repito a resposta ao agora já ex-CEO da Fundação Nobel, Michael Sohlman. Foi quando o livro bilingue que coordenei, de 8 autores de 5 países, Portugal Pós-Troika? Economic Democracy? foi debatido em Stockholm.
Ele indagou do futuro da UE e respondi, “um split, criando-se uma nova EFTA”.
A European Free Trade Association, formada em 1958, pouco depois da Comunidade Europeia, reunia os 7 países da Europa Ocidental deixados fora da CEE, p.ex. os nórdicos, Áustria e Portugal.
No início dos -80 Jacques Delors, então presidente da Comissão, queria a todo o custo que o Reino Unido viesse para os 6, pois traria muitos outros da EFTA. E conseguiu-o, mediante alguns ajustes. A Dinamarca, que exportava muito para o UK, seguiu-o, Portugal e Espanha entraram depois. Fez-se a UE, em vez de CEE. Quando a EFTA acabou, haviam lá uns 40 funcionários.
Hoje a UE tem, na sua burocracia directa e indirecta, uns 300.000!!!
Antes do Tratado de Lisboa, os 15 membros tinham direito a veto. Alemanha e França acharam que eles bloqueavam decisões que interessavam ao lóbi das mega-corporações. Queriam a constituição europeia, a sobrepor-se à dos países, como nos EUA. Mas abrir isso implicou referendos onde a proposta perdeu.
O habilmente costurado Tratado de Lisboa é uma constituição real, supranacional em muito. Por exemplo, quem dirige o Euro não é uma instituição eleita, mas sim um conglomerado de grandes bancos. O Tratado eliminou o veto dos pequenos e deu peso ao voto dos grandes.
Desde há muito, Alemanha e França juntas dominam a UE. Assim, o Reino Unido, pouco ouvido pela aliança central, sentiu-se traído. E os pequenos países, liderados pela Dinamarca, cada vez mais solicitavam excepção às regras da UE, para poderem manter um mínimo de emprego e progresso.
Antes do Euro obrigatório aos aderentes, os Nórdicos, excepto a Finlândia, mantiveram as suas moedas. Grécia, Portugal e Irlanda perderam competitividade com o Euro. Itália, Espanha e Portugal emprestaram mais do que deviam. Mas o débito público da Itália é a capitalistas locais, o que a livrou do jugo da Troika.
Finlândia, Áustria e Grécia querem sair do Euro, mas não podem. A opção é sair da UE.
A Finlândia vê as vizinhas Suécia e Dinamarca a crescer, sem estarem no Euro. Esses vêm a Noruega, ainda melhor, fora da UE. Na Áustria a maioria dos eleitores dizem que a Alemanha ganhou com o Euro, mas a Áustria estagnou. A vizinha Polónia, em pleno crescimento de uns 4%/ano, não está no Euro.
Na Grécia diz o eleitor que a banca estrangeira é que lucra com o Euro. Cita o milhar de empresas locais que não pode concorrer com os empréstimos baratos que os estrangeiros faziam para comprar as fábricas locais a preço de saldo. E diz que foi fatal o Goldman Sachs aprovar as falsas contas públicas da Grécia, para poder entrar no Euro. Não foram punidos os fraudulentos governo e banco, mas sim o cidadão.
A Dinamarca já infringe várias regras da UE, algumas com autorização temporária. Na Suécia há inveja da Noruega, que lhe passou à frente, ao não entrar na UE. O presidente da República Checa critica a Comissão, que não ouve os países pequenos. A Hungria fechou as fronteiras, contra a decisão da UE.
Há décadas, a ambição de uns poucos políticos falidos nos seus países formou na UE uma enorme plutocracia. Isto é, contra a intenção de Jean Monnet e Rob Schuman ao criar o embrião da UE.
Mantenho o sonho de uma UE democrática, no bom espírito daqueles estadistas. Precisaremos já de uma revolta como a de Maio 1968?