Como seria de esperar, a geografia do Spectre é bastante extensa: o passaporte de Bond leva carimbos do México, Itália, passando por Marrocos, mas também a Áustria e, como não podia deixar de ser, a nativa Inglaterra. Talvez por isso a paleta do filme imprimida por Sam Mendes seja tão variada, algures num verdadeiro espectro de cor entre os tons frios dos Alpes e areias quentes do deserto. Ah, claro, e as bond-girls de serviço. Mas já lá vamos.
E aí entramos, num outro espectro, a paleta das mulheres. Como sempre, as fêmeas que se cruzam com o agente secreto que insiste trajar de smoking são modelos lindas de morrer. Desde logo, a francesinha loira Léa Seydoux por não assumir o padrão a que estamos habituados, pois ela tem a possibilidade de virar a maré e fazer mesmo vacilar o nosso Bond. E aí nada como Miss Seydoux para cumprir o papel adequado. Naomi Harris transita de Skyfall para assumir uma discreta Moneypenny, embora a cereja no topo do bolo seja Monica Bellucci, apesar de só aparecer no episódio inicial. Mas este episódio é cheio de desespero, de medo e de paciência.
Aproximando-nos de um terceiro espectro temos os vilões de Bond. É verdade que Christoph Waltz é um mestre em imagem de vilão. E aqui o actor faz um dos vilões mais convincentes dos últimos tempos. A imagem do Waltz é a chave para abrir muitas portas dos filmes anteriores. Ele é o tentáculo principal para remover uma máscara do passado. Por isso mesmo, ele é o oposto e o reflexo de Bond.
O mesmo se diga dos aliados de Bond. Desde logo, com o talento técnico de Q, uma vez mais assumido por Ben Whishaw (actor presente num filme que estreia esta semana – As Sufragistas) e a paciência de um M, defendido por Ralph Fiennes, que começou a trabalhar como o boss do Bond depois de morte da personagem da Judi Dench. E esta personagem é muito interessante pois tem dúvidas. Ou seja, um M mais humano, algo que não é típico na sua profissão.
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