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Domingo, Novembro 24, 2024

Jornalistas e comentadores: alguém diga “o rei vai nú”

Estrela Serrano
Estrela Serranohttps://vaievem.wordpress.com/
Professora de Jornalismo e Comunicação

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Assino por baixo este artigo de André Macedo, intitulado “As fatwas de Marques Mendes”, publicado no Diário de Notícias, no qual o autor questiona a ligeireza e superficialidade (palavras minhas) com que Marques Mendes usa o “chapéu” de comentador para destruir reputações, atacar ou promover pessoas, de acordo com interesses pessoais ou políticos, misturando informação (a que diz ter tido acesso) com opiniões pessoais, sem cumprir qualquer das regras aplicáveis a quem pratica o ofício de informar, isto é, aos jornalistas.

Como bem salienta André Macedo, Marques Mendes é além de comentador de televisão conselheiro de Estado. Ora, não é prestigiante para um órgão de aconselhamento do Chefe de Estado ter entre os seus membros personalidades que usam os media para cultivarem e alimentarem a intriga política. Convenhamos que ser pago por uma televisão para “demitir” ministros e propagar boatos e conversas nascidas e alimentadas nos corredores da política e dos negócios não é eticamente aceitável. O actual Presidente deve saber do que fala André Macedo.

André Macedo, ele próprio membro da direcção de informação da televisão pública, tem razão ao questionar o predomínio da opinião sobre a informação que hoje invade os media. Mas os principais responsáveis pela promiscuidade a que chegou o comentarismo político em Portugal são os directores das televisões e de outros media que pagam a ex-políticos para que substituam os jornalistas na função de informar e analisar a actualidade, em troca de almejadas audiências e passando por cima de regras básicas, como sejam, para citar André Macedo, “sem ter de citar qualquer fonte, sem situar a origem da informação, sem essas maçadas todas que teoricamente fazem da informação o que é suposto ela ser: factos pesquisados, verificados e documentados, não apenas ouvidos a meio de um repasto. (…) uma espécie de licença para matar – matar reputações, moer outras, promover algumas pelo caminho”.

Deverão então os responsáveis dos media e os jornalistas em geral interrogar-se sobre se valerá a pena alienarem funções que só os profissionais devem exercer, introduzindo padrões de exigência ética e de transparência na escolha dos colaboradores, que deverão respeitar regras e não disporem, como refere André Macedo, de uma espécie de licença para matar – matar reputações, moer outras, promover algumas pelo caminho”.

Caso contrário, é o jornalismo que vai morrendo às mãos dos próprios jornalistas.
Artigo publicado inicialmente no blog VAI E VEM

Nota do Director

Os artigos de Opinião apenas vinculam os respectivos autores.

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