No mundo atribulado de hoje os pais têm pouco tempo para educar, não só alimentar os filhos. Às vezes falta civismo, companheirismo, empatia.
Por exemplo, quando se estaciona em 2ª fila, atrapalhando o trânsito, ou no egoísmo de desejar tudo para si, às custas do vizinho ou parceiro de negócios. Urge mais transparência, cidadania e civismo.
O General Bargão dos Santos tem uma proposta: “Temos que nos preparar para combater o terrorismo. O exército e não só, precisará de efetivos. Jovens cientes dos seus deveres e direitos, aspirações e contrariedades, num contexto de cidadania … na escola, na família e nas Forças Armadas (FFAA)”. Ele sugere o Serviço Militar Obrigatório (SMO).
Sem o SMO perderam-se aos poucos o valor da honestidade, honra, disciplina, lealdade, dignidade e da coragem moral e física. “As FFAA, além da defesa da população, prestam missões de apoio à paz, auxílio humanitário e interesse público; ligados a sistemas de combate ao tráfico humano e de drogas”.
Outros países reviram o seu SMO há 40 anos, incluindo civismo na sua formação, usando algo dos escuteiros e muito do que mais precisaremos nas próximas décadas, preparo para desastres naturais. A obesidade nos afeta cada vez mais e precisamos de “mens sana in comporum sanum”.
Lá fazem 11 semanas de mui intensivos exercícios físicos, dois diários, desporto de grupo para aprenderem a cooperar uns com outros, e marchas longas, às vezes penosas, para desenvolver o “um por todos e todos por um”. À noite há estudos para que os que ainda não têm a 12ª possam ter melhor uso de p.ex. inglês, matemática, física; usando os jogos educativos modernos, edutainment. Aí inclui alerta a publicidade enganosa, conhecer direitos e deveres, como e a quem reclamar o desrespeito ao cidadão, pois muitos refilam mas nada escrevem.
“Devemos resgatar a cidadania, como valor social coletivo do maior significado, um dever que a todos cumpre, e um direito que a todos assiste”
Num segundo período de 11 semanas preparam-se para o apoio a catástrofes: primeiros socorros, resgatar acidentados, organizar o trânsito (útil nos dias de hoje, com poucos recursos e longas distâncias do INEM), prever e combater incêndios (idem, bombeiros), improvisar pontes emergenciais, e para atender pessoas de culturas mui diferentes, em ambientes inusitados; até cuidar de bebés.
No terceiro, mais 11 semanas, praticam o que aprenderam, estágios com bombeiros, no INEM, limpar florestas, chamar a GNR ou PSP quando uma viatura trava o trânsito, informar turistas, apoiar postos de saúde distantes.
No quarto período, cuja duração varia, aprendem as bases de alguma profissão que os interesse, úteis ao País e às FFAA. P.ex, eletrónica, mecânica de máquinas pesadas, tratores, etc. As jovens fazem técnica de enfermagem, princípios de contabilidade, condução de pesados; teoria à noite, prática ao dia, em distantes postos de saúde, freguesias pobres, associações.
Os jovens ficam aquartelados longe das grandes cidades, nas infraestruturas das FFAA ou espaços pouco utilizados pelas câmaras. Modernizam equipamentos públicos. No último período vão viver em freguesias distantes, onde as FFAA têm protocolos, para utilizar p.ex. escolas abandonadas, que em geral precisam apenas de mudar umas torneiras, boa pintura e limpeza. Para deslocar os pequenos grupos, a freguesia usa melhor os seus transportes e se nada tem, sempre há alguma viatura em pelo menos algum horário.
A organização disto parece complexa, mas com a experiência nalguns países, podemos ter um SMO moderno, que os nórdicos chamam de Serviço Civil, um SMCO.
Devemos resgatar a cidadania, como valor social coletivo do maior significado, um dever que a todos cumpre, e um direito que a todos assiste, escreveu Bargão dos Santos. O Presidente da República, comandante supremo das FFAA, tem o direito de partilhar estas reflexões.
O autor escreve em português do Brasil