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Sábado, Agosto 24, 2024

Sampaio tem razão!

Jack Soifer
Jack Soifer
Braso-sueco, Engenheiro, Consultor Internacional, autor de 41 livros, entre outros COMO SAIR DA CRISE, ONTEM E OJE NA ECONOMIA e TRANSPORTES

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Em 01/03/10 eu disse no PRÓS e CONTRAS, RTP, que a grave recessão da Europa iria se estender por muitos anos, pois era estrutural. Disse ainda que quando não há E-volução, vem a RE-volução. A história nos mostra que modelos de governo ascendem, declinam e morrem. Nas empresas, aos primeiros sinais de crise, muda-se a administração, que muda os modelos para evitar, não atenuar, a perda de recursos. E na política?

Infelizmente a UE como Sampaio muito bem escreveu, não corresponde mais ao que Monnet e Schumann sonharam e nós europeus também. Foi bom, o lento crescimento nas primeiras décadas, com tempo suficiente para os novos e os antigos associados se adaptarem mutuamente, percebendo as diferenças para criar sinergias, em vez de antipatias. Mas a súbita entrada de dez, totalmente diferentes e diferentes dos demais, iniciou a sangria dos ideais e a UE tornou-se o palco político para onde os descartados nos seus países vão contracenar. Letónia, Estónia, p.ex. nada tem em comum com a Hungria, nem essa com Malta.

“o ano em que o Tratado de Roma faz 60 anos verá o início do fim da UE”

Finlândia, Suécia e Áustria, que tinham se associado pouco antes, já tinham diferenças de valores sociais com p.ex. a Alemanha ou Itália. Não tiveram tempo suficiente para se adaptar. Os dez novos vieram com o principal objetivo de aceder aos fundos europeus. Mas, como cada país tinha um voto e direito a veto, Alemanha/ França forçaram uma constituição travada nos referendos da França e Holanda e suspensos na Dinamarca e Suécia.

O princípio da crise

Os politiqueiros deram volta ao eleitor aprovando o Tratado de Lisboa, supranacional, acima da constituição dos países, contra a vontade de milhões de eleitores. O Euro só beneficiou poucos países, a grande banca e os especuladores financeiros. Apesar de muitos de nós, econometristas, alertarmos para o elevado endividamento público e privado, as agências de rating, influenciadas pelos especuladores, continuavam a valorizar os países que Sampaio citou, Grécia, Itália, Espanha e Portugal. Para continuar a receber os fundos, a Goldman&Sachs aprovou dados falsificados do governo grego. Esta crise financeira trouxe troikas e políticas económicas já comprovadas inadequadas em outros países e em outras décadas.

Os responsáveis, em vez de punidos, foram elevados a chorudas posições no BCE, FMI, G&S, UE. Quem ganhou? Os políticos, ao mentir com a matemática, como afirmou o novo economista-chefe do Banco Mundial, pensaram ganhar votos. Mas o descrédito no sistema elegeu extremistas ou nano-partidos.

Sampaio tem razão, o ano em que o Tratado de Roma faz 60 anos verá o início do fim da UE. Pois Grécia, Áustria, Finlândia, talvez Hungria e Suécia poderão deixar essa Bruxelas que não ouve o cidadão. O risco da onda neonazista é muito real. Onde estão os bravos portugueses? Nos mercados, a dar beijinhos para ganhar votos? A dizer na TV o que é óbvio, e nada fazer? PARABÉNS SAMPAIO, um verdadeiro presidente!

O autor escreve em português do Brasil

Nota do Director

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