A TAP, a Vinci e a Dufry chegaram a acordo quanto à venda pela companhia aérea dos seus 51 por cento das Lojas Francas de Portugal (LFP) à Vinci, mantendo a Dufry a sua participação de 49 por cento.
A companhia aérea explica, em comunicado, que a concessão por parte da ANA Aeroportos de Portugal (detida pela Vinci) das licenças das lojas isentas de taxas pode ser rescindida em 2017. O valor da operação não foi divulgado.
O SITAVA tem vindo a alertar os trabalhadores para “os perigos e inconfessadas intenções” dos “pretensos estudos” que os novos accionistas minoritários têm apresentado. “Lamentavelmente a realidade vai-se impondo e as informações começam a fazer cair a máscara daqueles que vão dizendo o contrário”, denuncia o sindicato ao sublinhar que “quando se torna público que o Grupo TAP já começou a vender património de nada serve o Presidente do Conselho de Administração, Fernando Pinto, vir fazer palestras a negar a evidência, tentando desmobilizar a resistência dos trabalhadores”.
Gestão privada vende activos
O anúncio do acordo agora alcançado representa, segundo o SITAVA, mais uma prova de que a gestão privada vende activos do próprio grupo para fazer a capitalização a que estava obrigada pelo contrato da privatização. “Assim é fácil mas quem perde é o País, o Grupo TAP e os seus trabalhadores”, denuncia.
O sindicato interroga ainda: “Já agora, era bom que fossem tornados públicos os valores envolvidos, ou têm receio que os trabalhadores saibam que o que agora vão encaixar é superior ao que pagaram pela privatização de todo o Grupo?”.
O negócio só deverá ficar fechado no primeiro trimestre de 2017, estando ainda dependente da aprovação das autoridades da Concorrência. Os trabalhadores da aviação não têm dúvidas de que a venda da TAP à Vinci, além de ir “colocar mais um negócio lucrativo nas mãos de duas multinacionais”, “sacrificando lucros futuros”, é a primeira evidência da aplicação do “estudo” da Boston Consulting Group (BCG).
Recorde-se que todos os sindicatos do sector criticaram o plano de poupança apresentado pela BCG, que propõe uma redução de custos, entre os 150 a 200 milhões de euros, para que a companhia aérea nacional consiga competir com as low-cost. A Comissão de Trabalhadores da TAP chegou a referir-se ao projecto da consultora como “uma literal declaração de guerra”.
O SITAVA deixa, por fim, o apelo: “os trabalhadores têm que estar alerta e entender que o tal «estudo» da BCG apenas agora começa a ser implementado e, se for em frente, dentro de pouco tempo, nada restará da TAP tal como a conhecemos hoje”.
A LFP é líder no comércio a retalho nos aeroportos e nas vendas a bordo, a nível nacional, com a presença de 30 lojas. Opera desde 1995 nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro, Madeira, Ponta Delgada, Santa Maria, Horta e Funchal. Nas vendas a bordo, explora os aviões da TAP Portugal.