… não largava o copo de água.
As suas mãos tremiam tanto que não conseguia acertar o buraco. Parecia que ele não acreditava que ela era a mesma vizinha que varria o beco pano amarrado, blusa no avesso, chinelas trocadas e lenço na cabeça, aquela mudança lhe causava instabilidade, que não conseguia concentrar-se na partida.
Olhou-a de baixo a cima e chegou mesmo a perder-se nas curvas desencaminhadoras que aquela filha de Eva exibia com toda a «inocência» …
Olhou-a bem; ela sorria como se aplaudisse o seu sofrimento. Dobrou-se sobre a mesa de snucker num ângulo de 45º graus exibindo toda a pólvora que incendiava o pobre rapaz, exagerou empurrando o gargalo para a boca com força e puxando-o com suavidade.
Pousou a garrafa na berma da mesa com uma candura que traduzia a metáfora da personalidade do ser humano. Ele, um humilde mortal sedento que masturbava a sua mente com a vontade de domar aquela fera.
De repente aquele olhar inocente tornou-se sádico, parecia uma loba no cio… os seus olhos fervilhavam de intenção de marcar a presa, ele sentiu-se invadido por uma mista sensação de interrogação, medo e tesão…
Avançava ou não? O bar estava deserto, estavam na sala privada e ele já nem se lembrava como foi parar naquele lugar… também já não queria saber… sentia-se bem, nunca se sentirá melhor. De repente lembrou-se da aposta, o valor era alto e não podia perder o foco, se perdesse contra uma mulher nunca se perdoaria… só então fechou os olhos, bebeu mais um pouco de água, apertou membro genital… encostou-se nela … hummm cheirava a pecado… abriu as pernas, lubrificou o pau … falou-lhe qualquer coisa no ouvido…fixou olhar no buraco, alinhou as bolas apontou o pau e… e… e… tufas.
– Carambas pá, eu sou homem pá! … Gritou enquanto procurava pela sua alma perdida no universo da orgásmica sensação do dever cumprido.
O autor escreve em PT de Angola.