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João de Sousa

Sábado, Julho 27, 2024

Economia política para leigos

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Dentre essas obviedades está a forma como os governos gastam o orçamento público, na medida em que essa ação revela, além de suas prioridades, o seu compromisso social e seu conteúdo de classe. Mas se não há clareza numa coisa tão simples, nós precisamos avaliar e reavaliar os nossos métodos.

Afora a versão sistemática e unilateral que a direita repete como um mantra em seus instrumentos de comunicação para estabelecer a concepção que lhe convém, talvez nós não estejamos tendo um mínimo de competência para explicar essas coisas simples, às vezes porque ficamos presos a uma estrutura acadêmica que “exige” certa pompa retórica para não parecer raso.

Delapidação do dinheiro público

Vamos tentar, pois me custa aceitar que as pessoas não se rebelem ao tomarem conhecimento de como o nosso dinheiro é delapidado pelo “governo” de plantão.

Em valor aproximado, o orçamento de 2017 será da ordem de R$ 3,49 trilhões. Desse montante, nada menos do que R$ 1,78 trilhões (51%) estão reservados para o serviço da dívida pública federal, que inclui o refinanciamento da dívida e o pagamento de juros propriamente dito.

Uma análise nesses números, mesmo que superficial, deixa qualquer um possesso, por mais generoso que ele seja em relação ao atual “governo”, senão vejamos:

  1. Saúde. O valor orçado é de 115,4 bilhões de reais, para garantir atenção aos nossos 200 milhões;
  2. Educação. A previsão é da ordem de 105,6 bilhões de reais para manter escolas e universidades funcionando e, teoricamente, abrindo novas vagas, quando o atual governo tenta é fechar;
  3. Agricultura e Abastecimento. Para garantir exportações e salvar a balança comercial Temer reservou apenas 11,1 bilhões de reais de seu orçamento;
  4. Servidores. Para toda a máquina pública está previsto R$ 306,9 bilhões;
  5. Previdência. A previsão é que a receita alcance R$ 381,1 bilhões. Como as despesas devem chegar a R$ 562,4 bilhões, o déficit previsto será de R$ 181,3 bilhões;

Como é fácil concluir, com uma simples operação aritmética, todas as despesas com Saúde, Educação, Agricultura e Abastecimento, Servidores Públicos e Previdência Social está estimada em algo como R$ 720,3 bilhões de reais.

Mas, apenas o pagamento de juros, consumirá R$ 870 bilhões de reais do orçamento de 2017.

Fica evidente que não é a previdência, tampouco os servidores, e muito menos os serviços essenciais ao povo que estão inviabilizando as contas públicas do país, mas sim a explícita agiotagem. Não restam dúvidas, portanto, de qual foi o objetivo do golpe e a quem, efetivamente, esse “governo” serve: aos banqueiros e aos agiotas internacionais.

* Professor da UFAM, Doutor em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, Coordenador Nacional da Questão Amazônica e Indígena do Comitê Central do PCdoB
O autor escreve em português do Brasil

Nota do Director

Reproduzimos este artigo ao abrigo de um acordo de cooperação Portal Vermelho / Tornado

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