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Quarta-feira, Dezembro 25, 2024

Bumba-meu-boi e Tambor de Crioula, do Maranhão para o mundo

Mas a principal delas: “não deixe, por nada, de ver o Tambor de Crioula ”
Divulgação/Sec de Cultura do Maranhão

Mas a principal delas: “não deixe, por nada, de ver o Tambor de Crioula”. Trata-se de uma dança tipicamente maranhense de uma energia tão contagiante que qualquer pessoa entra em êxtase ao se deparar com a força do tambor e a leveza dos movimentos das mulheres que dançam.

Sim, o Tambor é uma dança de mulheres! São elas que dominam a roda com suas saias coloridas e esvoaçantes. Os movimentos leves, mas ágeis, parecem um balé que não nasceu nos grandes teatros, mas nos terrenos de chão batido habitados pelos trabalhadores negros.

Reconhecido em 2007 como Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o Tambor de Crioula do Maranhão é uma expressão cultural genuinamente maranhense de matriz afro-brasileira expressa por meio da dança, canto e percussão de tambores.

Este é o momento da “punga”, quando quem está no centro da roda escolhe a próxima mulher para dançar. Quem toca o tambor dita o ritmo da dança e a dançarina do meio da roda é quem escolhe a próxima mulher a ocupar o espaço através da “punga”. Quando a dançarina do centro quer passar o bastão para outra, ela se dirige até a escolhida e aplica-lhe a “punga”, que consiste em um toque com a barriga. Assim, começa um novo ciclo da dança.

A roda de tambor é um espetáculo repleto de cores e tecidos fluídos. Além das saias coloridas, normalmente produzidas de chita, as mulheres usam blusas brancas muito amplas adornadas por rendas, colares, flores nos cabelos e turbantes, uma explosão de cores e texturas. Já aos homens, responsáveis por tocar o tambor, cabe uma indumentária mais sóbria, apenas uma calça escura e uma camisa larga.

Bumba-meu-boi do Maranhão

Assim como o Tambor, o Bumba-meu-boi, que é distinto do Boi-Bumbá do Norte, também é uma manifestação cultural intensa que carrega séculos de ancestralidade. Reconhecido em 2011 como Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira pelo Iphan, o Bumba-meu-boi do Maranhão é uma festa tradicional e uma celebração múltipla na qual a dança, a música, as comédias e o artesanato configuram a dança e a música como uma rica forma de expressão artística.

O Bumba-meu-boi do Maranhão, mais que uma forma de expressão, é uma grande celebração aos santos juninos, ao ciclo vital e ao boi. O boi, em torno do qual gravitam outras personagens, nasce, vive e morre. A celebração do boi é oferecida aos santos juninos São João, São Pedro e São Marçal como um elo que estabelece a relação do devoto com o sagrado.

Essa festa tão múltipla e densa tem a arte como um dos seus elementos estruturantes e por isso apresenta muitas formas de expressão, entre elas, as coreografias, as toadas, a batucada, os autos e matanças. Tem ainda os diversos personagens tais quais as figuras do cazumbá, dos vaqueiros, do amo ou cantador, do miolo, e dos personagens indígenas, como as índias, caboclos de pena, tapuias e índios. Todos esses elementos figuram na história em torno do boi.

E para quem não entendeu a citação do Reggae no início do texto, vale destacar que São Luís é a capital do Reggae no Brasil. As referências jamaicanas estão por todos os lugares do centro histórico, considerado o maior parque de prédios históricos tombados do país. Por onde se anda, entre vielas e escadarias, há uma bandeira da Jamaica, um rosto de Bob Marley pintado na parede, ou escuta-se o rito tranquilo do cantor jamaicano vindo de uma loja, bar ou centro cultural.

Quem sai de balada à noite encontra dezenas de festas onde só se escuta Reggae, e diferente do que estamos acostumados no restante do país, no Maranhão este ritmo é dançado a dois.

E se eu puder deixar apenas um conselho, antes de começar o circuito cultural que obrigatoriamente deve ter Tambor e Reggae, coma um Arroz de Cuxá! O prato típico maranhense é facilmente encontrado em todos os restaurantes. Composto de arroz, camarão e uma erva conhecida como vinagreira, é o melhor acompanhamento para os mais variados tipos de peixe que se pode comer pelo Maranhão. Se depois disso ainda houver apetite, um sorvete de bacuri é uma ótima pedida para sobremesa.

Mariana Serafini é jornalista do Portal Vermelho e latino-americana. Autora do blog Chipa e Café

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