Uma carta cuidadosamente adornada de flores, e marcas de baton.
No canto dois corações inseparáveis marcados pelas nossas iniciais cravados pela flecha do cupido, cartas repletas de promessas escritas sem pressa, recheada de versos lindamente absurdos que evitavam muitos suicídios e curavam desespero.
E no fim o mais importante… EU TE AMO… MK AMOR PARA SEMPRE.
Lembro-me do dia em que fui portadora da minha própria carta e levei-a em mãos, estava zangada e ele o sabia e nem precisou ler… pegou-me na mão e corremos zigzagueando as sete curvas do nosso beco, corremos para a paragem do machibombo e eu corria ansiosa e quase assustada tentando perguntar para onde íamos. Sobe ordenou pedindo… subi e fomos para a praia… sentados na areia, com uma lágrima no canto do olho e voz ofegante, mãos tremulas… pegou as minhas mãos e disse:
-Perdoa-me por favor não te quero perder… Casa comigo… prometo que serei o melhor marido do mundo.
E foi, enquanto durou… pois promessas de amor não existem, porque elas ao tempo não resistem.
Afinal já fomos humanos um dia…
A Mãe dos Setinhos, em Luanda
A autora escreve em PT Angola