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João de Sousa

Domingo, Novembro 24, 2024

Pós-verdade

Paulo Casaca, em Bruxelas
Paulo Casaca, em Bruxelas
Foi deputado no Parlamento Europeu de 1999 a 2009, na Assembleia da República em 1992-1993 e na Assembleia Regional dos Açores em 1990-1991. Foi professor convidado no ISEG 1995-1996, bem como no ISCAL. É autor de alguns livros em economia e relações internacionais.
Qassem Soleimani (Esq) com Iyad Salloum (Dir) em Aleppo

A fotografia do General Qasem Soleimani – comandante dos guardas revolucionários iranianos – entre as ruínas de Aleppo ilustra de forma crua a proclamação de vitória feita pelo presidente do Irão na conquista da cidade, e expõe a farsa da sua tomada pelo exército sírio.

Na dependência directa do líder supremo iraniano, Soleimani é o comandante do corpo expedicionário que tem dezenas de milhares de irregulares vindos do Líbano, Síria, Iraque, Irão, Afeganistão e Paquistão, e é também a ele que responde o que resta do antigo exército sírio. Foi ele também que negociou em 2015, em Moscovo, a inclusão da Rússia nos combates.

Sob proposta do Bloco de Esquerda, a Assembleia da República aprovou uma resolução de pesar pelos massacres de Aleppo responsabilizando, por esta ordem, EUA, Rússia e Turquia. Para além do PCP (e PEV) – que não poderia aprovar um documento com uma crítica à Rússia – o documento foi aprovado por unanimidade.

E é assim que o Estado Islâmico do Irão – cujo MNE o então presidente da Assembleia da República fez receber em plenário em 2010 – reforçou em Portugal o seu estatuto de total impunidade. Na era da pós-verdade tudo é possível.

Nota do Director

As opiniões expressas nos artigos de Opinião apenas vinculam os respectivos autores.

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