Recentemente, participei em seminários realizados em países europeus. Em todos escutei um velho discurso, agora enfeitado de propostas de alindamento das escolas, de novas tecnologias e outras panaceias. Tal como no tempo em que optei por um voluntário exílio, a política educativa mantém-se cativa de opiniões de quem é incapaz de compreender que um modelo educacional do século XIX não dá resposta à complexidade da sociedade contemporânea.
Ensurdecedor o silêncio das ciências da educação
Talvez consciente da necessidade de substituir esse arcaico modelo por novas construções sociais de aprendizagem, João Costa disse ser ensurdecedor o silêncio das ciências da educação, pelo que ouso perguntar aos companheiros das ditas ciências:
A Constituição consagra o direito à educação de todos os cidadãos?
É sabido que sim.
O velho modelo educacional logra assegurar a todos esse direito?
Sabemos que não.
Se o modo como o ministério actua e as escolas ensinam não cumpre a lei fundamental, o ministério e as escolas terão o direito de continuar a agir desse modo?
Claro que não! Mas, continuam a não assumir um compromisso ético essencial, sob o manto diáfano de um ensurdecedor e obsceno silêncio das ciências da educação.